A Polícia Federal incluiu o pastor Silas Malafaia no inquérito que apura supostas ações contra autoridades do Supremo Tribunal Federal e articulação para obtenção de sanções internacionais contra o Brasil. A investigação, sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, já tinha como alvos o ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e o comentarista Paulo Figueiredo desde maio deste ano.
Ato de apoio motiva inclusão do pastor
Malafaia organizou manifestação de apoio a Bolsonaro em 3 de agosto na avenida Paulista, evento que contou com participação do ex-presidente por videoconferência. A aparição virtual de Bolsonaro resultou na decretação de sua prisão domiciliar no dia seguinte.
Durante o ato, o pastor criticou presidenciáveis da direita que não compareceram à manifestação bolsonarista. Malafaia afirmou que as ausências ocorreram por “medo” do Supremo Tribunal Federal, transmitindo suas declarações pelo canal oficial no YouTube.
Investigação apura crimes contra democracia
O inquérito investiga condutas que incluem coação no curso do processo, obstrução de investigação de organização criminosa e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito. As investigações foram abertas após queixas de ministros do STF sobre suposta inação do Itamaraty.
Na avaliação de magistrados do Supremo, as ameaças provenientes do governo americano contra a corte mereciam posicionamento mais enfático da chancelaria brasileira. A escalada de investidas teria sido motivada pela atuação de Eduardo Bolsonaro no cenário internacional.
Eduardo Bolsonaro no centro das acusações
O pedido de abertura de investigação contra Eduardo partiu oficialmente do procurador-geral da República, Paulo Gonet. Segundo o procurador, a ofensiva do deputado intensificou-se à medida que o Supremo avança com processos sobre a trama golpista.
Um dos crimes citados na representação é coação no curso do processo, previsto no artigo 344 do Código Penal. O dispositivo trata do uso de violência ou grave ameaça contra autoridades envolvidas em processos judiciais, policiais ou administrativos.
Promoção de sanções internacionais como estratégia
Eduardo Bolsonaro tem promovido abertamente sanções contra autoridades ligadas à ação penal no STF que julga seu pai. A especificidade do caso pode dificultar o enquadramento legal, segundo opinião de alguns especialistas consultados.
O texto da investigação também aborda crimes relacionados a promover, constituir, financiar ou integrar organização criminosa. Inclui ainda penas para quem impede ou embaraça investigações em andamento.
Ataques a políticos da direita
Nas redes sociais, Malafaia intensificou ataques contra políticos que considera desleais à causa bolsonarista. O pastor chamou o senador Ciro Nogueira de “traidor” por não assinar pedido de impeachment contra Moraes.
Durante a manifestação de agosto, o pastor defendeu anistia para Bolsonaro e criticou ausências de lideranças da direita. A transmissão do evento pelo canal oficial do YouTube ampliou o alcance das declarações controversas.
Contexto da investigação no STF
O inquérito tramita paralelamente ao processo principal sobre a tentativa de golpe que envolve Bolsonaro e aliados. Ministros do Supremo consideram que as ações investigadas representam tentativa de pressionar o tribunal durante julgamentos cruciais.
A inclusão de Malafaia expande o escopo da investigação para figuras religiosas que apoiam publicamente o ex-presidente. A medida indica que autoridades consideram relevante a atuação do pastor na articulação de pressões contra o Judiciário.
O caso reflete tensões crescentes entre apoiadores de Bolsonaro e o sistema de Justiça brasileiro. A investigação pode resultar em denúncias formais caso sejam comprovadas as condutas criminosas sob apuração.