TST decide que MPT pode pleitear vínculo de emprego de trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão

Há 2 meses
Atualizado terça-feira, 28 de outubro de 2025

Da Redação

O TST reconhece a legitimidade do Ministério Público do Trabalho para pleitear vínculo de emprego e indenizações de trabalhadores resgatados em condições análogas à escravidão no Pará. A decisão é da Terceira Turma do tribunal e está relacionada à Operação Cangaia Gold, que resgatou 33 trabalhadores em garimpos de Cumaru do Norte (PA), em 2021.

A operação, realizada em 12 de maio de 2021, flagrou trabalhadores em situação degradante em sete garimpos instalados em fazendas da região. As equipes do MPT, Polícia Federal e auditores-fiscais encontraram pessoas sem acesso a banheiros, chuveiros ou refeitórios adequados. Os trabalhadores se banhavam com água retirada da serra, comiam em condições insalubres e dormiam em barracos de lona sem proteção.

Além das violações trabalhistas, a fiscalização constatou crimes conexos: posse ilegal de armas, uso de mercúrio, crimes ambientais e usurpação de ouro.

Disputa judicial

O MPT ajuizou ação civil pública contra cinco proprietários de garimpos, pedindo indenização por dano moral coletivo e o reconhecimento do vínculo de emprego dos trabalhadores resgatados, com pagamento de verbas rescisórias e indenizações individuais.

A Vara do Trabalho de Redenção (PA) reconheceu o trabalho escravo e condenou cada proprietário a pagar R$ 100 mil por dano moral coletivo. No entanto, extinguiu os pedidos relacionados aos direitos individuais dos trabalhadores, por considerar que o MPT não teria legitimidade para pleiteá-los. O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região (PA/AP) manteve a sentença.

Decisão do TST

O relator do caso, ministro Alberto Balazeiro, reverteu o entendimento das instâncias inferiores. Segundo ele, o combate ao trabalho escravo é obrigação prevista em convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), na Constituição Federal e no Código Penal.

“Afastar a legitimidade do MPT prejudica trabalhadores em extrema vulnerabilidade e retarda a atuação da Justiça”, afirmou o ministro. Para Balazeiro, embora as violações atinjam cada trabalhador individualmente, elas têm origem e causa comuns, caracterizando direitos individuais homogêneos que podem ser defendidos coletivamente pelo MPT.

Com a decisão, o processo retornará à Vara do Trabalho de Redenção para que sejam julgados os pedidos de reconhecimento de vínculo de emprego e pagamento de verbas rescisórias aos trabalhadores resgatados.

Autor

Leia mais

A foto mostra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele é um homem branco, com olhos claros e cabelos grisalhos.

Defesa de Bolsonaro pede autorização urgente para cirurgia e reforça pedido de prisão domiciliar

Há 1 hora
Mulher atrás de uma porta de vidro de costas, com a mão para a frente tentando impedir uma violência

Em caso de violência doméstica contra a mulher, dano moral é considerado presumido, decide STJ

Há 1 hora
Deputado Mendonça Filho, relator da PEC da Segurança Pública

Advocacia se posiciona contra redução da maioridade penal; PEC da Segurança deve ser votada nesta terça

Há 2 horas
TRF 5 mantém suspensa taxa de entrada em Jericoacoara (CE)

TRF 5 nega recurso e mantém suspensão de taxa para entrada de pessoas à Vila de Jericoacoara (CE)

Há 4 horas
mulher coloca fita vermelha que simbiliza HIV na blusa

Justiça Federal garante BPC a mulher vivendo com HIV em situação de vulnerabilidade no RS

Há 4 horas
Audiência no Senado mostrou que tramitação do novo Código Civil não será fácil

Tramitação do novo Código Civil já mostra que não será fácil; PL é alvo de divergências entre magistrados, advogados e juristas

Há 4 horas
Maximum file size: 500 MB