Partido ameaça punir quem não cumprir ordem e acusa uso político da PF contra presidente da legenda, Antônio Rueda
O partido União Brasil determinou que todos os seus filiados entreguem os cargos ocupados no governo federal em um prazo máximo de 24 horas. A resolução foi publicada nesta quinta-feira (18), antecipando a decisão anterior que previa o desembarque completo até o fim do mês. A medida afeta diretamente o ministro do Turismo, Celso Sabino, único integrante da legenda ainda no primeiro escalão do governo.
A nova diretriz prevê a abertura de processos disciplinares contra filiados que descumprirem a determinação. Segundo o partido, a permanência de membros em cargos comissionados configuraria infidelidade partidária.
Reação a denúncias e acusações de uso político
O endurecimento da postura ocorre após reportagens divulgadas por veículos como UOL e ICL mencionarem que aeronaves ligadas ao presidente da sigla, Antônio Rueda, teriam sido utilizadas por integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Rueda nega qualquer envolvimento e afirmou que não é proprietário das aeronaves citadas.
Em nota oficial, o União Brasil manifestou “irrestrita solidariedade” ao seu presidente e apontou coincidência suspeita entre as denúncias e o anúncio do rompimento com o governo. “Causa profunda estranheza que essas inverdades venham a público justamente após a determinação de afastamento dos filiados”, diz o texto.
Legenda fala em tentativa de intimidação
O partido afirma que há tentativa de desgastar a imagem de Rueda e de enfraquecer a independência da legenda, que recentemente adotou postura de oposição ao governo Lula. A nota também sugere o uso político da estrutura estatal, especialmente da Polícia Federal, para atingir adversários.
“O União Brasil seguirá atuando em sintonia com os anseios da sociedade brasileira e jamais se intimidará diante de tentativas de ataque a seus dirigentes”, conclui o comunicado.
A legenda conta com 59 deputados federais e 7 senadores, compondo a terceira maior bancada da Câmara. O partido já anunciou que pretende formar uma federação com o PP, o que deve reforçar ainda mais seu peso político no Congresso Nacional.
Governo rebate e nega envolvimento
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu as acusações feitas pelo partido. Em declaração pública, classificou como “infundadas e levianas” as alegações de que o governo estaria por trás dos vazamentos de investigações contra Rueda.
“O que não pode é atribuir falsamente ao governo a responsabilidade por publicações que associam dirigente do partido a investigações sobre crimes. Isso não é verdade”, afirmou Gleisi.
Segundo a ministra, o União Brasil tem o direito de decidir sobre a permanência ou não de seus filiados no governo, mas não pode usar essa decisão como pretexto para lançar acusações sem provas.
Impacto político
A saída do União Brasil representa mais uma perda de apoio ao governo Lula no Congresso. Embora parte da bancada já atuasse de forma independente, o desembarque oficial da legenda pode dificultar articulações políticas e votações de interesse do Planalto.
A expectativa é que o partido atue com mais autonomia a partir da formação da federação com o PP, consolidando um bloco político relevante fora da base governista.