Por Carolina Villela
A professora Melina Girardi Fachin, filha do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin e diretora do Setor de Ciências Jurídicas da UFPR, foi vítima de agressão na última sexta-feira (12) ao deixar a universidade em Curitiba. Um homem branco, não identificado, abordou a docente chamando-a de “lixo comunista” e cuspiu em seu rosto.
O caso ocorreu poucos dias após o cancelamento de uma palestra sobre interpretação constitucional que seria ministrada na Faculdade de Direito da UFPR. O evento “Como o STF tem alterado a interpretação constitucional?”, marcado para terça-feira (9), foi suspenso após alertas de risco à segurança, gerando confrontos no campus e ocupação do prédio por estudantes contrários à atividade.
UFPR convoca reunião de emergência
A Universidade Federal do Paraná anunciou que a situação envolvendo a professora Melina Fachin será debatida em reunião extraordinária do Conselho de Planejamento e Administração (COPLAD) na próxima terça-feira (16). A instituição informou que a Reitoria e o setor jurídico iniciaram uma série de medidas para “assegurar a proteção da comunidade acadêmica e a preservação de sua autonomia universitária”.
Até o momento, nem o STF nem o ministro Edson Fachin se manifestaram oficialmente sobre a agressão sofrida por sua filha. A identidade do agressor também não foi confirmada pelas autoridades policiais.
Solidariedade de autoridades
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, foi uma das primeiras autoridades a se manifestar publicamente sobre o caso. Em nota, ele expressou “solidariedade ao ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, e a toda sua família” pela agressão sofrida pela professora.
Mercadante classificou o ato como “sintoma de intolerância e violência” e defendeu que “o Brasil deve seguir firme na defesa da democracia e dos valores que ela representa, como a convivência pacífica entre as pessoas, a pluralidade de ideias, a liberdade, a independência entre os poderes, a tolerância e o respeito”..
OAB repudia ataques
Em nota oficial assinada pelo presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, a instituição junto à sua Comissão Nacional de Direitos Humanos, manifestou solidariedade à professora doutora Melina Fachin, integrante da Comissão e diretora do Setor de Ciências Jurídicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), vítima de agressão física e verbal em dependências da instituição, na última sexta-feira (12/9).
“A entidade repudia veementemente o episódio, que afronta valores essenciais da vida democrática. A democracia exige o respeito às liberdades, ao pluralismo e à convivência pacífica, sobretudo no espaço acadêmico, que deve ser preservado como ambiente de diálogo e de construção do conhecimento — jamais como palco para violência, intolerância ou tentativas de silenciamento”.
“Colocando-se ao lado de Melina Fachin e da comunidade acadêmica da UFPR, a OAB Nacional reafirma seu compromisso com a defesa da dignidade da pessoa humana, na proteção dos direitos fundamentais e na construção de uma sociedade livre de intolerância e violência”, concluiu.