Alexandre de Moraes ao Washington Post: não vou recuar “nem um milímetro”!

Fábio Pannunzio Por Fábio Pannunzio
18 de agosto de 2025
no Internacionais, Manchetes, Trama golpista
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Chamada de capa do Washington Posto com entrevista do ministro Alexandre de Moraes

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, concedeu entrevista exclusiva ao jornal americano The Washington Post afirmando que não há “a menor possibilidade de recuar nem um milímetro” diante das sanções impostas pelos Estados Unidos contra sua pessoa. Em conversa de uma hora realizada em seu gabinete, Moraes defendeu suas decisões contra Jair Bolsonaro e disse que continuará as investigações sobre ataques à democracia brasileira, mesmo enfrentando tarifas comerciais e restrições diplomáticas do governo Trump.

“Não há a menor possibilidade de recuar nem um milímetro”, declarou Moraes ao Washington Post durante entrevista concedida este mês. O ministro disse que seguirá fazendo “o que é correto” nas investigações, analisando evidências para condenar quem deve ser condenado e absolver quem deve ser absolvido.

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Ministro relata episódio que levou à prisão domiciliar de bolsonaro

Moraes revelou ao jornal americano detalhes do momento em que determinou prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. O ministro assistia jogo do Corinthians na televisão quando recebeu mensagens indicando que ex-presidente havia desobedecido ordem judicial proibindo uso de redes sociais.

“O tribunal não permitirá que o réu o transforme em motivo de chacota”, escreveu Moraes na decisão de 4 de agosto. O episódio ilustra método de trabalho que marca trajetória do ministro desde juventude como promotor. Moraes contou ao jornal que enfrentou prefeitura de São Paulo em investigação ampla sobre corrupção, consolidando reputação de nunca ceder a pressões externas.

trajetória de “xerife da democracia” começou em 2019

A investigação sobre fake news que transformou Moraes em figura global começou com telefonema urgente em 2019. Dias Toffoli, então presidente do STF, pediu que ministro mais jovem da corte assumisse o processo sobre desinformação e ataques às instituições democráticas.

O pedido surgiu após ameaças crescentes contra Supremo Tribunal Federal durante ascensão política de Bolsonaro. Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, chegou a questionar legitimidade da corte, sugerindo que poderia ser fechada “com um cabo e um soldado”, segundo relato ao Washington Post.

“Estávamos completamente desprotegidos; era momento extraordinário”, disse um integrante da corte ao jornal americano. A investigação foi aprovada por dez votos contra um.

Poderes excepcionais geram controvérsias internas

Marco Aurélio Mello, aposentado do STF após 31 anos, criticou expansão dos poderes de Moraes ao Washington Post. “Estou entristecido pela deterioração da instituição”, declarou o ex-ministro, alertando que “a história é implacável” e “acerta contas depois”.

Outros entrevistados pelo jornal defenderam atuação de Moraes como necessária para preservar democracia brasileira. Outro magistrado afirmou em off que a investigação “deveria ser limitada no tempo e escopo”, mas “nunca terminou, e ninguém mais o questiona”.

Moraes, no entanto, rejeita as críticas sobre concentração de poder. O ministro conta que os colegas do STF revisaram mais de 700 de suas decisões após recursos, questionando: “Sabe quantas eu perdi? Nem uma sequer”.

Conflitos com Trump e Musk

As tensões com governo americano escalaram após Moraes enfrentar Elon Musk sobre moderação de conteúdo no X (antigo Twitter). O ministro suspendeu a plataforma no Brasil após empresa resistir a ordens de remoção de contas acusadas de ameaçar ordem democrática e demitir todo o seu corpo jurídico para escapar de suas responsabilidades legais

Trump classificou as investigações de Moraes contra Bolsonaro como “caça às bruxas” e como uma campanha contra desinformação como ataque à liberdade de expressão. O Secretário do Tesouro Scott Bessent chamou ministro de “juiz e júri em caça às bruxas ilegal”.

Moraes disse ao jornal que as tensões são temporárias, motivadas por política e desinformação. Culpou Eduardo Bolsonaro pela campanha antidiplomática para promover hostilidades americanas contra Brasil, financiada pelo pai e baseada em “narrativas falsas” nas redes sociais.

Ministro cita inspiração na constituição americana

Ironicamente, Moraes revelou ao Washington Post que se inspira na tradição constitucional americana. Em seu gabinete, pendurou apenas três documentos: Declaração de Independência, Declaração de Direitos e preâmbulo da Constituição dos Estados Unidos.

“Todo constitucionalista tem grande admiração pelos Estados Unidos”, declarou o ministro ao jornal. Citou obras de John Jay, Thomas Jefferson e James Madison como fontes de inspiração para trabalho na corte suprema brasileira.

Moraes explicou diferenças culturais sobre fragilidade democrática ao Washington Post. “Entendo que para cultura americana é mais difícil compreender fragilidade da democracia porque nunca houve golpe lá”, disse, lembrando ditaduras brasileiras sob Getúlio Vargas e militares.

Investigações continuarão apesar de pressões externas

O ministro prometeu ao Washington Post que investigações sobre ataques à democracia continuarão independentemente de pressões. “Pelo tempo que for necessário, a investigação continuará”, disse ele em seu gabinete no STF.

Questionado sobre custo pessoal das decisões, incluindo restrições de viagem e crescente lista de inimigos, Moraes admitiu dificuldades. “É agradável passar por isso? Claro que não é agradável”, declarou ao jornal americano sobre perda de liberdades pessoais.

Brasil enfrenta “forças poderosas que querem desfazer a democracia”, afirmou. O ministro comparou as tentativos dos autocratas a uma “doença” contra qual aplica “vacina” preventiva através de suas decisões judiciais sobre desinformação e ameaças institucionais.

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  • Fábio Pannunzio
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  • Da Redação
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Tags: Alexandre de MoraesentrevistaWashington Post

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