O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), divulgou nesta segunda-feira (6) uma dura nota contra o senador Ciro Nogueira (PP-PI), presidente nacional do Progressistas. A reação veio após entrevista de Ciro ao jornal O Globo, em que o senador sugeriu a construção de uma chapa presidencial com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como cabeça e ele próprio como vice.
Caiado chama movimentação de “vergonhosa”
Na manifestação, Caiado classificou como “vergonhosa” a ansiedade de Ciro Nogueira em se projetar como candidato a vice-presidente. Segundo o governador, o senador tenta se apresentar como porta-voz de Jair Bolsonaro — papel que, em sua avaliação, não lhe cabe.
“Se Bolsonaro quiser escolher um porta-voz, certamente será um de seus filhos ou sua esposa, Michelle. Não o Ciro Nogueira, senador de inexpressiva presença nacional, que um dia já jurou amor eterno ao Lula”, afirmou Caiado.
O governador goiano ressaltou que Ciro estaria tentando definir, por conta própria, quais nomes da direita devem disputar a Presidência. Ele observou que o senador já teria colocado Tarcísio de Freitas como candidato preferencial, seguido por Ratinho Júnior (PSD-PR) como “reserva”.
Governador vê “desserviço à direita”
Caiado acusou Ciro de vetar antecipadamente outras pré-candidaturas, incluindo a sua, a de Romeu Zema (Novo-MG) e a de Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Para o governador, essa postura prejudica a unidade do campo conservador.
“Presta um enorme desserviço à direita. Quanto à minha pré-candidatura, devo dizer que não dependo de aval de Ciro Nogueira”, disse o goiano, enfatizando que sua decisão de concorrer não passará por lideranças partidárias.
O governador ainda destacou que, apesar das críticas, respeitará a decisão do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a sucessão. Caiado lembrou que, ao contrário de Ciro, apoiou Bolsonaro desde sua primeira eleição.
Caiado exalta aprovação e ironiza Ciro
Em tom de ironia, o governador evocou uma lição do ex-senador Antônio Carlos Magalhães: “Para ter voz nacional, é preciso ser respeitado em seu estado”. Na sequência, disse ter 88% de aprovação em Goiás nos últimos três anos — o maior índice entre os governadores — e afirmou que Ciro “não tem forças sequer para se reeleger senador” no Piauí.
A declaração evidencia a tensão entre lideranças da direita que disputam espaço para 2026. Caiado tenta consolidar seu nome como uma alternativa moderada no campo conservador, enquanto Ciro atua para aproximar o PP de Bolsonaro e Tarcísio de Freitas.
Disputa por protagonismo na direita
O embate expõe um conflito mais amplo: a tentativa de Ciro Nogueira de se recolocar como figura central na articulação nacional do bolsonarismo. Desde que deixou o governo Bolsonaro, o senador busca manter influência sobre o ex-presidente e as siglas aliadas, sobretudo o PP e o Republicanos.
Caiado, por outro lado, aposta em um discurso de independência e em seu desempenho administrativo em Goiás para se diferenciar. Em sua nota, encerrou afirmando que Ciro “não tem estatura política para julgar pré-candidaturas a presidente” e que “certamente não será por ele que passará a decisão de construir a melhor estratégia para derrotar o PT”.