Acordo mediado pelos Estados Unidos prevê libertação de reféns e retirada gradual de tropas israelenses; assinatura oficial está marcada para quinta-feira (9)
Israel e o grupo Hamas chegaram à primeira fase de um acordo para o cessar-fogo na Faixa de Gaza, após meses de negociações mediadas pelos Estados Unidos, Egito, Catar e Turquia. O anúncio foi feito nesta quarta-feira (8) pelo presidente americano Donald Trump, que celebrou o pacto como “um grande dia para o mundo árabe e para Israel”.
Primeira fase do plano de paz
Segundo Trump, o entendimento prevê a libertação de todos os reféns israelenses e a retirada das tropas de Israel para uma linha previamente acordada. “Tenho muito orgulho em anunciar que Israel e o Hamas assinaram a primeira fase do nosso plano de paz”, escreveu o presidente em sua rede Truth Social. “Todos os reféns serão libertados em breve, e Israel recuará como primeiro passo rumo a uma paz sólida e duradoura”, completou.
A assinatura oficial do acordo deve ocorrer às 6h (horário de Brasília) desta quinta-feira (9), no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh, segundo fontes citadas pela Reuters. O cessar-fogo entrará em vigor imediatamente após a assinatura.
Netanyahu promete ratificar pacto
Em pronunciamento, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que convocará o Gabinete de Governo nesta quinta-feira para aprovar o texto e agilizar a volta dos reféns. “Amanhã, convocarei o Gabinete para aprovar o acordo e trazer todos os nossos queridos reféns para casa”, declarou.
Do lado palestino, porta-vozes do Hamas confirmaram o entendimento e pediram que Israel “implemente o acordo”. O grupo afirmou que a medida representa “um passo para acabar com a guerra”.
Troca de reféns, prisioneiros e ajuda humanitária
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed Al-Ansari, explicou que o pacto abrange a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos e prevê a entrada imediata de ajuda humanitária em Gaza.
Entretanto, ainda não há clareza sobre os detalhes logísticos da libertação dos reféns, nem sobre a linha exata de retirada das tropas israelenses. Segundo fontes ligadas às negociações, novas informações serão divulgadas na madrugada de quinta-feira, horário local.
Contexto do conflito
O acordo foi anunciado um dia após o segundo aniversário do ataque do Hamas a Israel, ocorrido em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas e levou 251 israelenses como reféns. Desde então, a ofensiva israelense devastou a Faixa de Gaza, resultando em mais de 67 mil mortes, segundo autoridades locais. Grande parte do território foi reduzida a escombros.
Antes do anúncio do pacto, Trump havia dito que o “acordo de paz no Oriente Médio estava muito próximo” e que pretendia viajar à região “em breve”, possivelmente neste fim de semana. O presidente americano foi informado do avanço pelo secretário de Estado Marco Rubio, que o acompanha nas tratativas.
Negociações multilaterais
O chanceler turco Hakan Fidan declarou que restavam “um ou dois elementos” a serem definidos antes do anúncio do cessar-fogo, mencionando discussões sobre ajuda humanitária e presença armada de Israel.
Participaram das negociações o enviado especial dos EUA, Steve Witkoff, e o assessor presidencial Jared Kushner, genro de Trump. Israel enviou seu ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, um dos principais aliados de Netanyahu.
Analistas avaliam que a trégua pode fortalecer politicamente Trump, que intensificou nos últimos dias sua campanha para o Prêmio Nobel da Paz, cujo vencedor será anunciado amanhã.