Suspeito diz que não conhecia vítima, mas investigações apontam contradições e motivação por ciúmes
Douglas Alves da Silva, de 26 anos, foi preso após atropelar propositalmente e arrastar por cerca de um quilômetro a jovem Tainara Souza Santos, de 31, na zona norte de São Paulo. A Polícia Civil afirma que a versão do suspeito apresenta diversas contradições com os depoimentos de testemunhas e as provas já obtidas na investigação.
O crime ocorreu na noite de sábado (30), nas imediações da avenida Morvan Dias de Figueiredo. Tainara foi atingida por um carro conduzido por Douglas e arrastada por um longo trecho antes de ser abandonada gravemente ferida. Ela teve as pernas amputadas e permanece internada, intubada, no Hospital Municipal Vereador José Storopolli.
Contradições entre depoimentos de suspeito e testemunhas
O delegado responsável pelo caso, Augusto Bícego, afirmou que há incoerências relevantes entre o relato de Douglas e as demais informações apuradas. O homem alegou que não conhecia a vítima, mas essa versão é contrariada pelo depoimento de seu amigo, que estava no carro com ele.
Segundo o delegado, o amigo de Douglas relatou que o suspeito tinha um histórico de relacionamento com Tainara e ficou irritado ao vê-la acompanhada de outro homem. Além disso, o mesmo amigo declarou ter sido o responsável por forçar Douglas a parar o carro, o que contradiz a versão do motorista de que parou por conta de buzinas de outros veículos.
Suspeito diz que queria “dar um susto” em casal
Em seu depoimento à polícia, Douglas afirmou que tentou apenas assustar o casal. Disse que, após uma confusão no bar, ele saiu dirigindo e viu a mulher com outro homem, momento em que teria decidido se aproximar do casal com o carro. O suspeito alega que a vítima se “jogou” contra o veículo, versão que não é sustentada pelas imagens nem pelas testemunhas.
O advogado do amigo que acompanhava Douglas negou essa narrativa. Segundo ele, “é notório que a versão fantasiosa e exculpatória apresentada pelo criminoso não encontra qualquer respaldo nas provas produzidas até o momento”.
Vítima foi brutalmente arrastada e teve pernas amputadas
Testemunhas disseram que, após atropelar Tainara, Douglas puxou o freio de mão do veículo para aumentar o atrito do corpo da vítima com o asfalto, agravando os ferimentos. Pessoas que presenciaram a cena ainda tentaram impedir o crime, mas o agressor teria acelerado o carro.
Imagens de segurança confirmam que a mulher foi arrastada por cerca de um quilômetro. Mesmo ferida, foi abandonada na via e socorrida por equipes de emergência. A gravidade dos ferimentos levou à amputação das pernas.
Investigação aponta tentativa de feminicídio
A Polícia Civil classificou o crime como tentativa de feminicídio. O delegado Bícego declarou que os indícios apontam para uma motivação ligada a ciúmes e tentativa de controle sobre a vítima, o que caracteriza esse tipo de violência de gênero.
Douglas foi preso na noite de domingo (1º) e prestou depoimento nesta segunda-feira. Ao sair da delegacia, foi hostilizado por populares, que o chamaram de “lixo” e ameaçaram. Antes de seguir para a audiência de custódia, ele afirmou à imprensa: “Me arrependi desde a primeira hora”.
O UOL informou que segue tentando localizar a defesa de Douglas para manifestação. O caso continua sob investigação, com novas diligências e análises das provas já coletadas.



