Candidatos à vaga aberta com a saída do ministro Luis Roberto Bartroso, do STF

Lula adia indicação de Jorge Messias ao STF após alerta de resistência no Senado

Há 13 minutos
Atualizado quarta-feira, 22 de outubro de 2025

Pressão de Davi Alcolumbre e preferência por Rodrigo Pacheco adiaram nomeação que estava prestes a ser oficializada

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu adiar a indicação de Jorge Messias, atual advogado-geral da União, para o Supremo Tribunal Federal (STF), após ser alertado sobre forte resistência ao nome no Senado Federal. A escolha do novo ministro da Corte ficará para a próxima semana, depois que Lula retornar de viagem ao exterior.

O recuo ocorreu após uma reunião fora da agenda entre Lula e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), realizada na noite de segunda-feira (20), no Palácio da Alvorada. No encontro, Alcolumbre manifestou ao presidente a preferência do Senado pelo nome do atual presidente da Casa, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para ocupar a vaga deixada por Luís Roberto Barroso, que se aposentará em breve.

Alcolumbre atua para fortalecer nome de Pacheco

Segundo interlocutores, a conversa com Lula foi estratégica. Embora Alcolumbre tenha reconhecido que a escolha é prerrogativa do chefe do Executivo, deixou claro que a aprovação de Messias enfrentaria obstáculos relevantes no plenário. Para ser confirmado como ministro do STF, o indicado precisa do voto favorável de ao menos 41 dos 81 senadores.

Fontes revelam que, até o encontro com Alcolumbre, o governo já havia preparado o comunicado oficial com o anúncio da indicação de Messias. A ideia era divulgar a escolha antes da viagem de Lula à Indonésia. No entanto, diante da sinalização de resistência, o governo optou por postergar a decisão para evitar desgaste político.

Resistência a Messias é reflexo de insatisfação anterior

A rejeição ao nome de Messias não se dá por sua trajetória ou perfil individual, mas por um clima de desconfiança deixado após a nomeação do ministro Flávio Dino ao STF. Parlamentares afirmam que Dino frustrou expectativas ao adotar posturas que desagradaram o Legislativo, sobretudo na condução de temas orçamentários, como o cerco às emendas parlamentares.

Essa insatisfação gerou um ambiente mais cauteloso entre os senadores em relação às futuras indicações ao Supremo. O perfil técnico e reservado de Messias, visto como alinhado ao de Dino, passou a ser visto com reservas, mesmo com o respaldo de Lula.

Evangélico e de confiança de Lula, Messias ainda é o favorito

Apesar do cenário adverso, integrantes do governo afirmam que Lula segue convencido da escolha de Messias. Segundo o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o presidente está “com a convicção firmada” em torno do nome do atual AGU.

Messias, que já foi cotado para o STF em 2023, é considerado homem de confiança de Lula. Ele ganhou notoriedade em 2016, quando teve seu nome citado em um áudio vazado que resultou no veto do STF à nomeação de Lula como ministro da Casa Civil. Além disso, sua condição de evangélico tem sido vista como um trunfo político, especialmente num momento em que o governo busca maior aproximação com esse segmento.

Senado articula apoio a Pacheco como reação política

Nos bastidores, senadores têm tratado a eventual indicação de Pacheco como um movimento político de afirmação do Congresso diante do avanço do STF sobre prerrogativas legislativas. Alcolumbre, por sua vez, tem atuado como articulador da campanha pró-Pacheco, tentando unir até mesmo parlamentares da oposição em torno do nome do presidente do Senado.

A ideia é que Pacheco represente uma voz mais institucional e favorável ao equilíbrio entre os Poderes. A tese ganhou força especialmente após decisões do Supremo que contrariam posições defendidas pelo Legislativo, como o fim do marco temporal para demarcação de terras indígenas.

Governo terá que negociar para garantir nomeação

Diante do recado transmitido por Alcolumbre, a articulação política do governo precisará entrar em campo para construir o apoio necessário à eventual nomeação de Jorge Messias. Caso decida manter a indicação, o Planalto terá de dialogar com diferentes blocos partidários para evitar nova derrota política em sabatina no Senado.

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