O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a condenar veementemente a atuação de Israel na Faixa de Gaza e reforçou a defesa da criação de um Estado palestino. As declarações foram feitas nesta segunda-feira (23), durante a primeira Conferência Internacional para a Resolução Pacífica da Questão Palestina, realizada na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
Lula classificou a situação na região como genocídio e limpeza étnica, e criticou diretamente o uso da fome como arma de guerra. “O direito de defesa não autoriza a matança indiscriminada de civis. Nada justifica tirar a vida ou mutilar mais de 50 mil crianças”, declarou. “Nada justifica destruir mais de 90% dos lares palestinos.”
Críticas diretas ao governo israelense
O presidente brasileiro questionou como é possível manter uma população viva sob o que descreveu como uma política de extermínio. “A fome não aflige apenas o corpo, ela estilhaça a alma. O que está acontecendo em Gaza não é só o extermínio do povo palestino, mas uma tentativa de aniquilamento de seu sonho de nação”, afirmou Lula.
Ele ainda ressaltou que tanto Israel quanto a Palestina “têm o direito de existir” e que a criação de dois Estados é o único caminho viável para a paz duradoura no Oriente Médio. “Trabalhar para efetivar o Estado palestino é corrigir uma simetria que compromete o diálogo e obstrui a paz.”
França reconhece Palestina durante a conferência
A conferência, convocada pela França e pela Arábia Saudita, teve como marco o anúncio oficial do reconhecimento do Estado palestino por parte do governo francês. “Os palestinos têm história e dignidade, e o reconhecimento de seu Estado não subtrai nada do povo de Israel”, declarou o presidente francês Emmanuel Macron, que abriu o encontro.
Com essa decisão, a França se torna o terceiro país do G7 a reconhecer formalmente o Estado da Palestina. No dia anterior, Canadá e Reino Unido também oficializaram o reconhecimento do território. Austrália e Portugal manifestaram apoio à solução de dois Estados como única via possível para encerrar o conflito.
EUA e Israel boicotam conferência na ONU
Apesar da relevância diplomática do evento, Estados Unidos e Israel não compareceram à conferência. As cadeiras reservadas para os dois países permaneceram vazias, evidenciando o boicote ao encontro. Na semana passada, os EUA voltaram a vetar resoluções do Conselho de Segurança da ONU que buscavam encerrar a ofensiva israelense em Gaza.
O Brasil, por sua vez, mantém desde 2010 o reconhecimento oficial do Estado palestino. A posição foi adotada durante o segundo mandato de Lula, e segue como base da política externa brasileira. O governo tem sido uma das vozes mais ativas na comunidade internacional contra os ataques israelenses.
Participação simbólica da primeira-dama
A primeira-dama Janja da Silva também participou da conferência e foi vista com um lenço palestino, símbolo tradicional de apoio à causa. A imagem circulou nas redes sociais e foi interpretada como mais um gesto de solidariedade à população palestina por parte do governo brasileiro.
Lula encerrou sua fala destacando que o mundo assiste, em tempo real, à destruição de um povo e ao silenciamento de um sonho nacional. “É hora da comunidade internacional agir com coragem para restaurar a dignidade, a paz e a justiça”, finalizou.



