Eleitorado se divide sobre anistia a Bolsonaro e PEC da Blindagem; percepção da economia segue negativa, mas expectativa para 2026 melhora
A 18ª rodada da pesquisa Genial/Quaest, divulgada em outubro de 2025, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantém um quadro de estabilidade na aprovação de seu governo, apesar das turbulências políticas e do cenário econômico ainda desafiador. O levantamento, realizado em todo o país, indica que Lula sustenta uma base sólida entre os eleitores de menor renda e beneficiários do Bolsa Família, enquanto enfrenta resistência entre os bolsonaristas e nas camadas de renda mais alta.
Aprovação do governo e percepção pública
Segundo a Genial/Quaest, a aprovação de Lula se mantém praticamente inalterada em relação à rodada anterior. A maioria dos brasileiros considera que o presidente “faz um trabalho regular ou bom”, com destaque para o apoio entre eleitores da região Nordeste e entre os mais pobres. Já entre os eleitores de direita e os que não recebem benefícios sociais, a desaprovação ainda é majoritária.
A pesquisa também mostra que a imagem do governo melhorou levemente após o encontro entre Lula e Donald Trump durante a Assembleia-Geral da ONU. O episódio, amplamente noticiado, foi visto por boa parte do eleitorado como um gesto de prestígio internacional. Para 41% dos entrevistados, o presidente saiu politicamente fortalecido após o encontro, contra 28% que avaliaram o contrário.
Economia e expectativas
No campo econômico, a percepção da população segue majoritariamente negativa. Para a maioria dos entrevistados, os preços dos alimentos continuam subindo e o poder de compra caiu em relação a um ano atrás. A avaliação da economia nos últimos 12 meses é predominantemente de estagnação ou piora.
Apesar disso, há um discreto otimismo em relação ao futuro: quase metade dos entrevistados acredita que a economia deve melhorar nos próximos 12 meses, o melhor resultado desde o início do ano. Essa melhora nas expectativas é atribuída, segundo os analistas da Quaest, à retomada do debate sobre a reforma do Imposto de Renda, proposta que prevê isenção para quem ganha até R$ 5 mil mensais e aumento da tributação sobre os mais ricos.
Mais de 70% dos entrevistados disseram apoiar a isenção para rendas até R$ 5 mil, e 64% afirmaram ser favoráveis ao aumento do imposto sobre os que recebem acima de R$ 600 mil por ano — indicando que o discurso de justiça fiscal tem ampla ressonância no eleitorado.
Polarização política e temas sensíveis
A pesquisa também investigou temas que reacenderam o debate político no Congresso, como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro e a PEC da Blindagem, que buscava restringir a atuação do Supremo Tribunal Federal em processos contra parlamentares.
A maioria dos entrevistados rejeitou ambas as propostas: mais de 60% disseram ser contra a anistia a Bolsonaro e seus aliados, e 58% afirmaram ser contrários à PEC da Blindagem. Entre os bolsonaristas, porém, a anistia é vista de forma positiva por cerca de dois terços dos eleitores, mostrando que a polarização política segue intensa.
As manifestações de rua contra essas pautas, lideradas por grupos de esquerda e movimentos sociais, reforçaram a imagem de engajamento do campo governista. Após os protestos, 36% dos entrevistados afirmaram que o governo saiu “mais forte” politicamente, contra 28% que disseram o contrário.
Direção do país e clima geral
Questionados sobre o rumo do Brasil, a maioria ainda acredita que o país está indo na direção errada, mas a diferença em relação aos otimistas diminuiu. Para 45%, o país segue no rumo equivocado; 38% veem o Brasil na direção certa — uma melhora de três pontos percentuais em relação ao levantamento de setembro.
A maior preocupação dos brasileiros continua sendo a inflação dos alimentos, seguida do desemprego e da violência urbana.
Entre as fontes de informação sobre política, as redes sociais seguem na liderança, com destaque para WhatsApp, YouTube e Instagram, que juntos superam a televisão como principal meio de formação de opinião.Metodologia
A pesquisa Genial/Quaest Nacional – Outubro de 2025 ouviu 2004 eleitores em todas as regiões do país, com margem de erro de 2 pontos percentuais e 95% de confiabioidade.