Pesquisa divulgada neste domingo (7) pelo Instituto Datafolha revela que 54% dos brasileiros consideram justa a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento direto na tentativa de golpe de Estado ocorrida em 8 de janeiro de 2023. Outros 40% dos entrevistados afirmaram acreditar que a prisão é injusta, enquanto 6% não souberam ou não quiseram opinar.
A pesquisa também abordou a forma de cumprimento da pena. Para 34% da população, Bolsonaro deveria cumprir a sentença em regime domiciliar, em vez de permanecer em unidade prisional.
Condenação por tentativa de golpe
O ex-presidente foi condenado pelo STF a 27 anos e 3 meses de prisão por seu papel central na articulação golpista. Essa foi a pena mais severa já aplicada a um ex-chefe do Executivo no Brasil. A decisão marcou um divisor de águas no julgamento de autoridades envolvidas nos atos antidemocráticos.
A condenação incluiu os crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, associação criminosa e incitação ao crime. O STF entendeu que Bolsonaro agiu conscientemente para insuflar a população e instrumentalizar as Forças Armadas contra os Poderes constituídos.
Divisão de opinião entre os eleitores
Apesar da maioria apoiar a prisão, os dados do Datafolha mostram que o país ainda está polarizado. A rejeição à prisão — 40% — evidencia que o ex-presidente mantém base de apoio significativa, especialmente entre os eleitores de perfil mais conservador ou ligados ao bolsonarismo.
Entre os entrevistados que votaram em Bolsonaro em 2022, a percepção de injustiça é predominante. Já entre os eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o apoio à decisão do STF ultrapassa os 80%.
Regime domiciliar divide opiniões
A sugestão de que Bolsonaro cumpra pena em casa também mostra nuances importantes da opinião pública. Enquanto 34% dos entrevistados defendem essa alternativa, o apoio ao regime fechado ainda é majoritário entre os que consideram a prisão justa.
A discussão sobre o tipo de regime ganhou força após declarações de aliados e advogados do ex-presidente, que argumentam que ele não oferece risco à ordem pública e que sua idade avançada (70 anos) deveria ser levada em conta para amenizar a execução da pena.
Impacto político da condenação
A pesquisa Datafolha foi realizada em meio ao aquecimento do cenário pré-eleitoral para 2026. Mesmo preso, Bolsonaro segue sendo uma figura central nas articulações da direita. A escolha de seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), como pré-candidato à Presidência foi interpretada como estratégia para manter o capital político da família.
Especialistas em ciência política destacam que a prisão pode enfraquecer o bolsonarismo em setores moderados, mas também tende a radicalizar sua base mais fiel, que enxerga na condenação um suposto ataque político.
STF endurece contra crimes golpistas
O julgamento e a condenação de Bolsonaro fazem parte de uma série de ações do Supremo Tribunal Federal contra os responsáveis pelo 8 de janeiro. Mais de 1.200 pessoas já foram condenadas, e o tribunal tem reforçado o discurso de que não haverá tolerância com ataques à democracia.
Ministros do STF, como Alexandre de Moraes, têm reiterado que a Justiça seguirá firme no combate às tentativas de desestabilização institucional. A decisão sobre Bolsonaro confirma essa linha dura adotada pelo tribunal.



