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Pela primeira vez desde que se iniciou a instrução da ação penal instaurada contra o “Núcleo 1” da trama golpista, o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes vão se encontrar frente a frente – Moraes na condição de juiz, Bolsonaro na de réu.
A repórter Carolina Villela acompanha as sessões no STF e posta aqui, minuto a minuto, o que acontece no depoimento mais importante de todo esse processo.
14h30 – O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes, iniciou o depoimento.
14h33 – Jair Bolsonaro negou as acusações.
14h38 – Moraes leu trechos de afirmações de Bolsonaro contra ministros do STF e fraudes nas urnas eletrônicas.
14h39 – Bolsonaro afirmou que “a questão da desconfiança, suspeição ou críticas não é algo privativo meu”. O ex-presidente citou críticas contra o processo eleitoral que teriam sido feitas em publicações nas redes sociais pelo ministro Flávio Dino em 2010 e pelo ex-ministro do Trabalho Carlos Lupi .
14h40 – Ele afirmou que quando era parlamentar trabalhou pelo voto impresso.
14h49 – Bolsonaro disse que defendia o voto impresso “como uma forma a mais para ter uma barreira para evitar fraude nas eleições”.
14h49 – O ex-presidente confirmou que não tinha nenhum indício de que ministros do STF e do TSE teriam recebido milhões, como havia afirmado anteriormente e pediu “desculpas”.
14h52 – Moraes lembrou que o TSE proibiu a exibição de imagens quando Bolsonaro foi acusado de pedofilia.
14h54 – Sobre um inquérito aberto após o segundo turno das eleições de 2018, Bolsonaro disse que foi para apurar inconsistências do sistema eleitoral e completou dizendo que “para o bem da democracia, seria bom que algo fosse aperfeiçoado para que não houvesse nenhuma dúvida sobre as urnas”.
14h58 – Moraes rebateu a explicação e disse que o inquérito não tem absolutamente nada a ver com as urnas eletrônicas.
15h01 – Segundo Bolsonaro, dois meses antes de se reunir com embaixadores, o ministro Fachin também havia se reunido com eles. O ex-presidente relatou que o encontro foi para falar sobre o inquérito que passou a ser sigiloso.
15h05- “Se eu exagerei na retórica, devo ter exagerado, com certeza”, afirmou Bolsonaro sobre declarações sobre as urnas eletrônicas. No entanto, continuou defendo que é preciso verificar “vulnerabilidades”. E continuou: “a intenção minha não é desacreditar, foi alertar”.
15h09 – Bolsonaro alegou que só ficou sabendo das operações da Polícia Rodoviária Federal durante o segundo turno das eleições, após o ocorrido e que nenhum eleitor deixou de votar.
15h10 – O ex-presidente disse que pediu para o então ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, para fazer um relatório mais imparcial possível.
15h12 – “Jamais pressionei seja o ministro que for. Não houve pressão em cima dele para fazer isso ou aquilo”, afirmou o depoente sobre o relatório das urnas eletrônicas.
15h14 – Disse que acreditou no relatório das Forças Armadas, mas que a dúvida faz parte da democracia.
15h15 – Ele confirmou que recebeu Felipe Martins várias vezes no Palácio da Alvorada, mas negou ter conversado com ele sobre a minuta do golpe. “Não é a pessoa adequada para tratar de minuta”, afirmou.
15h16 – Bolsonaro negou ter tratado sobre a minuta.”Quando se fala em minuta da a entender que é uma minuta do mal. Eu refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe”, concluiu.
15h22 – “Sequer pensamos em fazer algo em arrepio da lei em arrepio à Constituição”, disse Bolsonaro.
15h23 – O ex-presidente negou a informação dada pelo tenente-coronel Mauro Cid de que Bolsonaro teria visto a minuta e feito alterações no documento. “Não procede essa informação do enxugamento”.
15h25 – “Em hipótese alguma”, negou Bolsonaro sobre o fato de que Almir Garnier teria colocado as tropas à disposição em caso do golpe.
15h29 – O depoimento negou omissão e disse que fez um vídeo para desmobilizar os caminhoneiros que ameaçavam parar o país. Bolsonaro afirmou sempre defendeu qualquer manifestação pacífica, respeitando as normas.
“Ao longo de 4 anos, senhor ministro Moraes,o senhor não viu uma só ação provocada por mim”, disse Bolsonaro.
15h32 – Bolsonaro perguntou se podia enviar vídeos sobre suas visitas pelo país.
Moraes respondeu: “eu declino”.
Na sequência, Bolsonaro questionou se podia fazer uma brincadeira. Moraes alertou: “o senhor que sabe. Eu perguntaria antes aos meus advogados”.
Bolsonaro insistiu:” eu convidaria o senhor para ser meu vice em 2026”.
Moraes afirmou: “eu declino, novamente”, arrancando risos do público que acompanha o depoimento.
15h36 – “Nunca se falou em golpe, não foi sequer cogitada essa hipótese de golpe no meu governo”, reafirmou Bolsonaro.
15h43 – Bolsonaro afirmou não se lembrar de ter tido alguma reunião sozinho com Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional e elogiou o general. “Sou apaixonado pelo general Heleno, confesso”.
15h58 – O ex-presidente relatou que nunca recebeu voz de prisão do general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. “Não procede”, disse Bolsonaro.
16h – Houve um exagero por parte do Baptista Júnior, ex- comandante da Aeronáutica, afirmou.
16h05 -”Tem algo pessoal entre nós dois”, afirmou Bolsonaro ao admitir que tem um atrito com o ministro Luís Roberto Barroso.
16h14 – Bolsonaro negou ter discutido sobre intervenção militar. Segundo ele, não cabia às Forças Armadas tomar uma medida de força dessa.
16h15 – Se o risco era tão iminente de algo acontecer, porque o atual presidente não desmobilizou o acampamento, questionou Bolsonaro.
16h16 – Lembrou que nos dias 7 e 8 de janeiro de 2023 estava nos Estados Unidos e havia passado mal e que chegou a postar nas redes sociais sobre uma manifestação pacífica.
16h26 – Ele negou ter discutido sobre a prisão de ministros do STF ou outras autoridades. “Não houve esse história de prender quem quer que seja”, concluiu.
16h27 – No entanto, ele admitiu que discutiu com auxiliares e comandantes militares alternativas “dentro da Constituição” para tentar reverter o resultado das eleições de 2022, vencidas por Lula.
“As conversas eram bastante informais, não era nada proposto, ‘vamos decidir’. Era conversa informal para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para a gente atingir o objetivo que não foi atingido no TSE. Isso foi descartado na segunda reunião”, afirmou Bolsonaro.
16h30 – Segundo o ex-presidente, não havia apoio suficiente para uma ruptura. “Não tinha clima, não tinha base minimamente sólida para fazer coisa”, disse.
16h31 – Bolsonaro disse que só soube do plano Punhal Verde e Amarelo por meio da imprensa.
16h33 – Ele negou ter alterado ou editado qualquer minuta.
16h34 – Segundo Bolsonaro, José Múcio, atual ministro da Defesa, foi pessoalmente ao Palácio da Alvorada pedir para que ele intermediasse a transição com o então ministro da Defesa. O ex-presidente disse que se surpreendeu com o pedido, mas atendeu.
16h44 – O ministro Alexandre de Moraes encerrou o depoimento.