O Supremo Tribunal Federal (STF) dá início nesta segunda-feira (9) aos interrogatórios dos réus do “núcleo crucial” da Ação Penal 2668, que investiga a tentativa de golpe de Estado no Brasil. As sessões presenciais acontecem na sala da Primeira Turma do tribunal, sob coordenação do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso. Os interrogatórios estão programados para cinco dias consecutivos, com horários específicos: segunda-feira às 14h, terça às 9h, quarta às 8h, quinta às 9h e sexta às 9h.
O primeiro a ser ouvido é o tenente-coronel Mauro Cid, que firmou acordo de colaboração premiada. Na sequência, os demais réus serão interrogados por ordem alfabética: Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto. Este último, que se encontra em prisão preventiva no Rio de Janeiro, participará do interrogatório por videoconferência, enquanto os outros comparecerão pessoalmente ao STF.
14h11- O ministro Alexandre de Moraes, relator da ação, abriu a audiência e informou as regras do depoimento.
14h16 – Moraes reforçou que os réus podem se negar a responder algumas perguntas tendo o direito a não se autoincriminar.
14h18 – O ministro ressaltou que os advogados devem evitar perguntas repetidas.
14h19 – Mauro Cid começou a responder as perguntas.
14h20 – Sobre a denúncia da Procuradoria-Geral da República, Cid disse que presenciou grande parte dos fatos, mas não participou.
14h21 – Ele afirmou que assinou o termo de responsabilidade sobre o acordo de delação premiada e que decidiu colaborar de livre e espontânea vontade.
14h22 – Moraes ressaltou que Mauro Cid prestou 12 depoimentos à Polícia Federal, sendo o último deles em 5 de dezembro de 2024.
14h26 – O tenente-coronel explicou que alguns desse depoimentos eram para ratificar ou esclarecer informações, “nunca pra trazer fatos novos ou coisas que eu não tinha dito”, afirmou.
14h27 – “O vazamento de áudios que foram feitos sem o meu conhecimento, minha permissão”, afirmou Mauro Cid sobre áudios em que disse ter sido pressionado durante depoimentos e que a PF e Moraes estavam com ‘narrativa pronta’ sobre tentativa de golpe. Mauro Cid alegou que estava com problemas emocionais e financeiros e que foi “um desabafo”.
14h28 – O tenente -coronel afirmou que estava passando “uma crise pessoal e psicológica muito grande” e que os áudios não eram nada oficial nem de maneira acusatória. Alegou que ao ver a carreira militar afetada, acabou “atirando para tudo quanto é lado”. “Aquilo estava me corroendo, me fazendo muito mal”, concluiu.
14h29 – Negou ter sido pressionado e confirmou a voluntariedade da delação.
14h36- Cid afirmou que a nomeação e separação de grupos eram feitas por ele. Não existiam organizações nem grupo de pessoas organizadas. Eram pessoas que iam falar individualmente com o presidente.
14h41 – Foi levado esse documento ao presidente dividido em duas partes, os considerandos, que listava as possíveis intervenções do TSE no governo Bolsonaro e na segunda parte entrava a parte mais jurídicas, Estado de Defesa, Estado de sítio, para refazer as eleições.
14h43 – Segundo Cid, o documento tratava da prisão de autoridades, ministros do STF e do presidente do Senado.
14h 44 – Ele afirmou que a minuta do golpe previa conduzir uma nova eleição. Disse, ainda, que Bolsonaro leu e “enxugou” o documento, retirando as autoridades das prisões, mantendo apenas Moraes. “Somente o senhor ficaria como preso”, afirmou.
14h45 – O tenente-coronel confirmou que teve acesso à minuta, que teria sido levada à Bolsonaro por Felipe Martins, ex-assessor do presidente. “Eu vi o documento”, reforçou Cid.
14h46 – Segundo Cid, na reunião realizada no dia 7 de novembro, na biblioteca do Palácio da Alvorada, estavam presentes os três comandantes das Forças Armadas, Felipe Martins e o presidente Bolsonaro.
14h47 – Mauro Cid descreveu o período após a derrota nas eleições como “muito conturbado”. Disse que o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército, estava muito preocupado que tomassem atitudes sem ele ser consultado.
14h50 – Segundo Cid, o decreto do golpe “dizia só o que, não dizia como iria ser feito”.
14h51 – O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro afirmou que lembra do então ministro da Justiça Anderson Torres ter ido só uma vez ao Palácio da Alvorada depois das eleições e que Torres não participou da reunião.
14h53 – Sobre as tentativas de encontrar fraudes nas urnas eletrônicas, Cid relatou que só apareciam estatísticas e que os dados eram tirados do TSE para tentar achar alguma coisa, mas não se conseguiu comprovar nada.
14h54 – Ele relatou que o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil, ia ao Palácio da Alvorada todos os dias para atualizar o presidente, que ficou recluso após a derrota nas urnas.
14h55 – Informou que o único hacker que se reuniu com Bolsonaro, foi Valter Delgatti Netto e que o encontro foi marcado pela deputada Carla Zambelli. Segundo Cid, o presidente pediu para o general Paulo Sérgio receber o hacker com a Zambelli.
15h07 – Ele afirmou que procurou o Braga Netto e o tesoureiro do Partido Liberal (PL) para discutir verba para manter as manifestações em frente aos quarteis. Cid afirmou que o PL alegou não ter recursos e que posteriormente recebeu a quantia de Braga Netto, que foi repassada ao major Oliveira.
15h10 – Ao ser questionado sobre o valor ou se sabia a origem do dinheiro, Mauro Cid afirmou que não tinha certeza, mas achava que o dinheiro foi repassado por pessoas do agronegócio.
15h14 – O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro alegou que nunca teve ordem ou determinação de monitoramento constante do ministro Alexandre de Moraes.
15h16 – Segundo Cid, o monitoramento de Moraes, no dia 16 de dezembro, foi pedido pelo major Oliveira. O réu afirmou que repassou o pedido de um segundo monitoramento, que não se recorda da data exata, mas teria ocorrido nos últimos dias de 2022, para o coronel Câmara.
15h19 – O réu relatou que toda a pressão que estava sendo feita em cima do presidente era para que ele assinasse o decreto, mas não se lembra qual deles. Ele afirmou que teria concordado com o general Mário e dito que algo teria que ser feito até o dia 12, mas com certeza de que nada iria acontecer.
15h14 – O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro alegou que nunca teve ordem ou determinação de monitoramento constante do ministro Alexandre de Moraes.
15h16 – Segundo Cid, o monitoramento de Moraes, no dia 16 de dezembro, foi pedido pelo major Oliveira. O réu afirmou que repassou o pedido de um segundo monitoramento, que não se recorda da data exata, mas teria ocorrido nos últimos dias de 2022, para o coronel Câmara.
15h19 – O réu relatou que toda a pressão que estava sendo feita em cima do presidente era para que ele assinasse o decreto, mas não se lembra qual deles. Ele afirmou que teria concordado com o general Mário e dito que algo teria que ser feito até o dia 12, mas com certeza de que nada iria acontecer.
15h30 – O ministro Luiz Fux questionou o que significa o termo “bravatas” utilizado por Mauro Cid. O tenente-coronel respondeu que usou a palavra ao se referir às várias mensagens recebidas após as eleições.
15h33 – Disse que o presidente não assinou o decreto.
15h35 – O depoente alegou que não se engajava em outros problemas que não fossem focados no presidente.
15h37 – Disse que não tinha contato com manifestantes ou financiadores e que foi ele quem sugeriu a reunião com Braga Netto.
15h48 – Alegou ao Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, que recebeu o documento final da minuta do golpe em PDF e que não se lembra quem mandou.
15h49 – Cid informou que o general Mário Fernandes estava muito radical em relação às ações que deveriam ser tomadas e que grande pressão sempre foi para o presidente assinar o decreto.
15h51 – O tenente-coronel afirmou que, apesar das pressões para Bolsonaro assinar a minuta, não houve proposta de ações concretas.
15h52 – Sobre o relatório das eleições, elaborado pelas Forças Armadas, Cid disse que o documento não ficou como o general Paulo Sérgio queria nem como o presidente gostaria. Segundo ele, saiu um documento “meio-termo”.
15H53 – O depoente relatou que o presidente queria que as denúncias levantadas contras as urnas constassem no documento, enquanto os militares queriam que o relatório informasse que não houve fraudes nas eleições.
15h56 – “Não presenciei uma ordem direta do presidente aos comandantes para que fizessem essa nota”, relatou Mauro Cid.
16h02 – Cid disse que o general Estevam Theophilo, ex- chefe do Comando de Operações Terrestres (Coter), afirmou que se Bolsonaro assinasse o decreto, o Exército cumpriria as ordens. Segundo a denúncia, o general lideraria a tropa se a medida de intervenção fosse concretizada.
“Nas conversas, na boataria que rolava, [Estevam] Theophilo era o general que, se fosse dada as ordens, ele que faria, tomaria a frente das tropas e faria alguma coisa… Havia esse interesse do grupo em saber o que ele faria”, afirmou Cid.
16h05- O depoente negou ter comentado com o presidente o conteúdo de uma reunião realizada em novembro de 2022, conduzida por Braga Netto, porque achou que se tratava de uma “conversa de militares mais radicais”.
16h13 – Disse que o general Theophilo era muito “legalista” e que não agiria sem autorização do alto comando do Exército.
16h24- Cid negou que tivessem discutido sobre gabinete de crise no Coter, que, segundo ele, tem a função de acompanhar crises no país.
16h37 – Cid ressaltou que informou ao presidente sobre a carta dos militares e que quem fosse encontrado nas manifestações seria punido. Bolsonaro não teria respondido.
16h50- A audiência foi suspensa para o intervalo.
17h11- Na retomada do depoimento, Cid afirmou que a grande preocupação do presidente sempre foi encontrar alguma fraude nas urnas.
17h12 – Ele afirmou não se lembrar quando citou a posição do general Almir Garnier, ex -comandante da Marinha, entre os grupos da trama golpista.
17h30 – O tenente – coronel afirmou que apesar dos acontecimentos “sabia que nada iria acontecer” e que Bolsonaro nunca expressou a ideia de que precisava encontrar uma fraude para o decreto.
17h32- Segundo o depoente, não houve apresentação de Power point na segunda reunião que teve com Bolsonaro para discutir a minuta.
17h33 – Relatou não se lembrar se recebeu o anexo da carta dos militares.
17h36- Cid também não se recordou de receber fotos que constam na denúncia.
17h38 – O ex ajundante de ordens confirmou que o grupo criticava muito o ministro Alexandre de Moraes.
17h41- Segundo seu relato, ele teve 9 celulares apreendido, além de computadores.
17h42 – Cid informou que o único documento sobre “Copa 22” que recebeu era sobre logística.
17h43 – Disse que na primeira conversa que teve com militares, eles se mostraram muito indignados com a situação do país e, por isso, sugeriu uma reunião com Braga Netto.
17h47 – Alegou que conversou algumas vezes com o general Theofilo, mas não tinham intimidade.
17h49 – O presidente nunca comentou de convocar o Conselho da República ou Defesa, também não conversou sobre o plano Punhal Verde e Amarelo, alegou Mauro Cid.
17h50- “Não fui eu quem chamou eles aqui e não sou eu quem vai mandá-los embora”, teria dito Bolsonaro sobre os manifestantes.
18h01 – Sobre a entrega de dinheiro em uma caixa de vinho, Cid afirmou que, naquele momento, não percebeu nada estranho e achou que o dinheiro seria usado para manter as manifestações e não para financiar um plano golpista. Por esse motivo, só informou à PF um ano depois do primeiro depoimento.
18h10 – De acordo com o depoente, a ideia de uma possível greve dos caminhoneiros sempre foi rechaçada pelo presidente e pelo general Braga Netto.
18h18 – Mauro Cid afirmou que “escondeu” o dinheiro que teria recebido de Braga Netto em uma sala no Palácio da Alvorada.
18h19 – Cid disse que soube do plano Punhal Verde e Amarelo pela imprensa horas antes de um dos seus depoimentos à PF.
18h21 – Informou não se recordar se Braga Netto sabia do plano Punhal Verde e Amarelo.
18h24 – Moraes encerrou o depoimento de Mauro Cid e iniciou as oitivas de Alexandre Ramagem.
18h25 – Ramagem disse que uma das apurações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) abordou a informação de que a empresa chinesa Le Novo teria adquirido a empresa brasileira Positivo e que repassou a informação para os setores responsáveis da Abin. Como não era verdadeira, não houve relatório.
18h28 – Afirmou que o texto, que consta no relatório da Polícia Federal, estava em um documento privado que trata do processo eleitoral, não era concernente às urnas eletrônicas, mas sim sobre a discussão que ocorria na Câmara dos Deputados sobre o voto impresso. E que após a derrota nas eleições de 2022, não falou mais sobre o assunto.
18h33 – O ex-diretor da Abin alegou que as anotações em notas estavam em um computador que possui desde 2019 e negou ter repassado o documento “pessoal” para alguém.
18h35 – No mesmo contexto, segundo Ramagem, suas publicações em redes sociais falavam apenas sobre a segurança do voto auditável e não continham ataques.
18h41 – O depoente disse que encaminhou um vídeo para Bolsonaro mostrando a evolução das urnas eletrônicas em testes de segurança.