Por Hylda Cavalcanti
O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), chegou há pouco à sede do Supremo Tribunal Federal (STF) para acompanhar o julgamento da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro e militares de alta patente. Bem mais confiante do que na última semana, o parlamentar disse que, para a cúpula do Executivo Federal, não existe possibilidade de se falar em aprovação de qualquer projeto sobre anistia no Congresso, apesar das declarações de bolsonaristas.
“A fala do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), neste domingo (07/09), criticando ministros do STF, sepultou com uma pá de cal qualquer tendência de anistia. Conversamos com o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) ontem”, destacou.
“Além disso, no Palácio do Planalto foram chamados vários ministros que já estão conversando com os parlamentares das suas legendas. Estamos convictos que a anistia não vai ser colocada em votação”, afirmou.
Ânimo diferente
O tom de Farias foi diferente do da última semana, em que ele praticamente fez um apelo para que os deputados não participassem das articulações de políticos da direita para se colocar em votação o projeto de lei da anistia. Desta vez, o líder disse ter “certeza” de que a proposta será “enterrada”.
“Esse julgamento vai comprovar a gravidade da grama golpista que foi urdida. Houve até um plano de assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes (do STF). Isso tudo é muito sério, minha gente”, frisou.
“O ministro Moraes acerta quando ele afirma que os responsáveis pelo golpe não querem pacificação nem apaziguamento. O impacto negativo das palavras do governador Tarcísio neste domingo foi tão negativo que temos notícias de que até mesmo líderes bolsonaristas não estão mais interessados em votar projeto de anistia”, acrescentou.
Prazos para recursos
O líder pediu paciência tanto aos jornalistas como aos estudantes de Direito lembrando que o processo não acaba com o resultado do julgamento, na próxima sexta-feira (12/09), uma vez que haverá prazo para apresentação de recursos pela defesa dos réus e de julgamento desses recursos pelos ministros.
“Teremos ao menos mais uns 60 dias para tudo ser consolidado. Tenho convicção de que se o Legislativo votar esse processo de anistia no meio do julgamento do STF, estará cometendo uma irresponsabilidade criminal”, ressaltou.