Por Hylda Cavalcanti
A parte final do julgamento que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais sete réus por tentativa de golpe de Estado e outros crimes terminou com falas dos ministros permeadas por ironias, alfinetadas, agradecimentos, louvações e brincadeiras.
O mais enfático em suas declarações foi Flávio Dino, que saudou o ministro aposentado Celso de Mello afirmando ser uma honra tê-lo no local, acompanhando a sessão. Mas logo emendou uma alfinetada:
“Muita gente que já ocupou essa Corte hoje fala mal da posição de muitos ministros, o que considero uma traição institucional. O professor Celso de Mello, que tenho certeza que não concorda com tudo aqui, mas jamais adotou postura que não fosse a de honrar pelo STF”, frisou. “O senhor nos passou, nesta sessão, o recado institucional de que teve, um dia, a honra de usar essa toga”, acrescentou.
Sem critérios políticos
Flávio Dino disse também que “é falso, mentiroso, todo discurso de que o ministro relator, Alexandre de Moraes, fez uso de uma condenação por critérios políticos. De acordo com ele, “nenhum magistrado fica feliz ao concluir um julgamento condenatório”.
“É angustiante, é difícil, e neste caso o eminente relator, ministro Alexandre de Mores, tem pago preços injustos por sua família. Eu sou pai, avô, tio, padrinho, e nada nos incomoda mais do que ver nossa família pagar preços que não lhe pertencem”, acentuou.
“Dissenso é natural”, diz Fux
O ministro Luiz Fux, único a ter apresentado voto divergente do relator e que, por esse motivo, se eximiu de participar da votação da dosimetria das penas, também pediu a palavra para fazer uma saudação diplomática a Moraes e a todos os colegas. “Quero lembrar que o dissenso é natural num julgamento como esse”, destacou.
Moraes fez uma ironia velada a Fux, ao agradecer pelos elogios dos colegas. Disse que não ampliaria suas palavras “porque não vou fazer a maldade que me fizeram ontem, de perder o jogo do Corinthians”. Assim, provocou gargalhadas entre os demais integrantes do colegiado.