Paróquia mineira é alvo de processo contra barulho de sino centenário

Há 9 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Uma decisão do juízo de Rio Espera, município da  Zona da Mata de Minas Gerais, chamou a atenção pelo inusitado. O juiz suspendeu o uso do sino de toque do relógio da igreja — localizada no centro da cidade, que era acionado a cada hora, todos os dias — até que seja realizado o julgamento final do processo. A ação foi movida por um morador da cidade contra a Paróquia Nossa Senhora da Piedade e o seu titular, o padre Jackson de Sousa Braga.

O morador que ajuizou a ação alegou que é grande o incômodo com o barulho causado pelo relógio, que foi instalado na igreja em 1960. O juízo local realizou uma audiência de conciliação entre as partes, na última semana, mas não houve entendimento. Desde então, cada parte tem 15 dias para recorrer apresentando suas considerações, enquanto o relógio permanece parado.

O padre Jackson afirmou, por meio de nota à população, que “uma das missões mais graves de um pároco é zelar pelo patrimônio da paróquia onde se encontra e também respeitar as leis vigentes em estado democrático de direito”.

“Tenho me esforçado para o fazer com zelo e determinação ao longo desses mais de quatro anos à frente da paróquia, por isso, o toque do relógio ficará suspenso até o trâmite da ação”, acentuou.

O religioso também ressaltou que, desde que se tornou pároco em 2020, tem  “tentado conciliar o funcionamento do relógio às leis de silêncio”. “Fiz inúmeras tentativas com equipamentos para manter seu funcionamento diário e evitar seus badalos à noite e de madrugada, sem sucesso”, relatou.

Mecanismo centenário

O problema, segundo restauradores e técnicos do patrimônio artístico e histórico nacional, é que o relógio é uma peça centenária, com uma mecânica complexa. “Ademais, o equipamento e as intervenções no relógio causaram-lhe danos e prejuízos que exigem reparos e até hoje não foram sanados completamente”, explicaram.

O litígio criou divisão entre os moradores da cidade. Alguns reclamam do barulho das badaladas, outros lembram o caráter histórico e cultural da paróquia e pedem a revogação da medida. Um grupo instituiu campanha intitulada “SOS – Todos pelo funcionamento do relógio da Igreja Matriz Nossa Senhora da Piedade”.

Uma das soluções pode ser a realização de um acordo para que os badalos sejam suspensos durante a madrugada, mas a questão ainda está longe de chegar a uma definição e depende de verbas para modernização do equipamento, de forma a permitir que ele pare no período acertado.

Padre Jackson ressaltou que sabe o tanto que a população quer ver sua história respeitada, mas tem atuado como uma espécie de bombeiro em relação ao tema, pedindo calma a todos.

“Para que os direitos individuais sejam respeitados sem prejuízo dos coletivos”. frisou.

Dependendo do desenrolar da situação, o caso pode subir para julgamento no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. 

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