Lula sanciona hoje a Lei da Adultização para proteção de crianças em ambientes digitais

Há 1 dia
Atualizado quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Da Redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sanciona nesta quarta-feira, 17, o chamado “PL da Adultização”, que dispõe sobre a proteção de crianças e adolescentes em ambientes digitais. A cerimônia para sanção do “ECA Digital” (Estatuto da Criança e do Adolescente Digital) está marcada para as 17h, no Palácio do Planalto.

A sanção representa um momento histórico na regulamentação da internet no Brasil, estabelecendo um marco regulatório robusto para a proteção de menores no ambiente digital. O projeto foi aprovado no Congresso Nacional após o Senado consolidar a aprovação do Projeto de Lei (PL) 2628/2022, de autoria do senador Alessandro Vieira, que contou com apoio do Governo Federal e de organizações da sociedade civil.

Contexto e Motivação

O assunto ganhou força e atraiu atenção nacional após o youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca, publicar um vídeo, em 9 de agosto, denunciando a exposição precoce de menores nas redes sociais, o que provocou a reação de deputados, senadores e da sociedade civil. Uma das contas mostradas por Felca para explicar a adultização era a do influenciador Hytalo Santos. Ele e o marido, Israel Nata Vicente, foram presos sob a acusação de explorarem menores de idade em vídeos nas postagens nas redes.

A proposta prevê regras para supervisão dos pais e responsáveis e exige mecanismos confiáveis para verificação da idade dos usuários de redes sociais, o que atualmente é feito basicamente por autodeclaração.  A nova lei da Adultização concede aos pais e responsáveis a possibilidade de monitorar e controlar a navegação dos menores em plataformas digitais.

As ferramentas de controle parental incluem bloqueio de conteúdos inadequados; limitação da comunicação direta entre adultos e crianças; controle do tempo de uso das redes sociais; e vinculação das contas de crianças aos perfis dos responsáveis.

Remoção de Conteúdos Criminosos

Ponto central da proposta, a possibilidade de remoção imediata de conteúdos criminosos por parte das plataformas deve se dar a partir de um processo específico de notificação. As plataformas deverão remover conteúdos relacionados a abuso sexual, sequestro, aliciamento ou exploração, as empresas devem remover e notificar imediatamente as autoridades competentes.

A publicidade dirigida também sofrerá mudanças significativas. O projeto veda o uso de perfis comportamentais ou análises emocionais para direcionar anúncios a menores de idade. Além disso, plataformas não poderão criar perfis comerciais voltados a esse público.

A única alteração significativa do Senado foi proibição de “caixas de saque” (loot boxes) em jogos on-line. O dispositivo havia sido proibido na primeira aprovação, mas a regra acabou sendo alterada pelos deputados e os senadores voltaram a proibi-lo. O senador Flávio Arns (PSB-PR) afirmou que o mecanismo “possui elementos marcantes de jogos de azar” e ativa mecanismos de recompensa do cérebro.

Penalidades e Fiscalização

Em caso de descumprimento das obrigações previstas na lei, os infratores ficam sujeitos a penalidades que variam de advertência, multas que podem chegar a R$ 50 milhões, suspensão temporária de atividades e até a proibição definitiva das atividades no país.

As penalidades previstas são:

  • Advertência: prazo de até 30 dias para medidas corretivas
  • Multa: até 10% do faturamento do grupo econômico no Brasil ou entre R$ 10 e R$ 1 mil por usuário cadastrado, limitada a R$ 50 milhões por infração
  • Suspensão temporária das atividades
  • Proibição definitiva do exercício das atividades no país

Os valores recebidos em função das multas aplicadas serão destinados ao Fundo Nacional para a Criança e ao Adolescente.

Criação de Autoridade Reguladora

O projeto aprovado pelo Congresso também prevê a criação por lei de uma “autoridade administrativa autônoma” que deverá observar as normas previstas na Lei das Agências Reguladoras. Segundo o senador Alessandro Vieira, essa autoridade poderá até mesmo ser incorporada pela Anatel.

A nova lei não restringe a liberdade de expressão e de imprensa, porque tem um rol muito restritivo de conteúdos que podem ser imediatamente removidos. São conteúdos de exploração sexual, pornografia, assédio, de incentivo a automutilação e golpes contra crianças e adolescentes. Opiniões, críticas e reportagens são mantidas.

Autor

Leia mais

TST mantém condenação do Vasco por irregularidades na contratação de jovens

TSE vai empoderar eleitor no pleito de 2026

Presidente da OAB Nacional contesta Fernando Haddad sobre precatórios

Motta anuncia Paulinho da Força como relator do PL da anistia

Motta anuncia deputado Paulinho da Força como relator do PL da anistia na Câmara

CNJ abre portas para jovens em vulnerabilidade social com programa pioneiro de aprendizagem

Dino nega liminar a Chiquinho Brazão e mantém perda de mandato decidida pela Câmara

Maximum file size: 500 MB