Ministro sinaliza fim de ciclo e movimenta bastidores em Brasília; Messias, Pacheco e Dantas são os principais cotados para a sucessão
O ministro Luís Roberto Barroso, atual presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), deu sinais públicos de que poderá antecipar sua aposentadoria. Em declarações recentes à imprensa, ele admitiu estar refletindo sobre o encerramento de seu ciclo na Corte. A possibilidade, ainda que não formalizada, reacendeu em Brasília as especulações sobre quem será o próximo indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o STF.
Caso a aposentadoria se concretize, Lula fará sua terceira nomeação para o Supremo durante este mandato. Os bastidores políticos já se movimentam em torno dos possíveis nomes — todos eles com peso político e articulações em curso nos três Poderes.
Jorge Messias lidera corrida, mas enfrenta resistência no Senado
O nome que hoje aparece com mais força nos bastidores é o de Jorge Messias, atual ministro-chefe da Advocacia-Geral da União. Ele é visto como um dos favoritos por sua proximidade com Lula e sua sólida trajetória jurídica. Internamente, ministros do STF enxergam Messias como alguém que “chega com força” para a vaga.
Apesar da vantagem, ele pode enfrentar dificuldades no Senado, onde a oposição conta com ao menos 36 votos firmes. Por ser fortemente identificado com o PT e com o próprio Lula, sua aprovação exigirá articulação cuidadosa. Ainda assim, vale lembrar que tanto Cristiano Zanin quanto Flávio Dino — igualmente próximos ao presidente — foram aprovados sem grandes resistências.
Rodrigo Pacheco tem apoio de pesos-pesados, mas plano de Lula pode atrapalhar
Outro nome em destaque é o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A entrada dele na lista de cotados surpreende por sua origem legislativa, mas conta com apoios de peso: Davi Alcolumbre, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes.
Caso Pacheco avance como opção, ele teria o apoio não apenas do atual comando do Senado, mas também do próximo presidente do STF, já que Moraes assumirá o cargo em 2027.
O obstáculo, no entanto, pode vir do próprio Lula. O presidente tem externado o desejo de lançar Pacheco como candidato ao governo de Minas Gerais nas eleições de 2026. A avaliação do Planalto é de que ele poderia oferecer um palanque robusto no segundo maior colégio eleitoral do país — o que tornaria sua nomeação ao STF politicamente custosa.
Bruno Dantas corre por fora com apoio de nomes estratégicos
Com menos exposição, mas com movimentação constante, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Bruno Dantas também está no páreo. Aos 47 anos, é considerado jovem para o padrão do Supremo, mas possui credenciais políticas sólidas.
Dantas é próximo de figuras-chave como José Sarney, Gilmar Mendes e Renan Calheiros (MDB-AL). Além disso, tem estreitado laços com o governo, especialmente com Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil. Nos bastidores, é visto como articulado, discreto e confiável — qualidades valorizadas em uma nomeação dessa envergadura.
Confiança pessoal é critério central para Lula
Embora os três nomes tenham peso, um fator tem guiado as escolhas de Lula: a confiança pessoal. Foi assim com Zanin e Dino, os dois primeiros indicados neste mandato. Ambos são figuras de extrema proximidade do presidente e foram escolhidos com base nessa relação direta, mais do que em critérios técnicos ou partidários.
“O Lula que faz as escolhas hoje é um Lula que passou 580 dias preso”, afirmou um aliado, em reserva, ao resumir a centralidade da lealdade na escolha para o STF.
Com a possibilidade de nova vaga aberta, a escolha de Lula promete ser, mais uma vez, uma jogada política estratégica, com impactos no Judiciário e no tabuleiro eleitoral de 2026.