Por Hylda Cavalcanti
Dois fatos aumentaram a tensão em Brasília minutos antes do início da primeira sessão de julgamento dos réus da tentativa de golpe de Estado pelo Supremo Tribunal Federal (STF): uma agressão verbal dirigida ao ministro Flávio Dino durante um vôo para a capital do país e a concentração dos filhos do ex-presidente Bolsonaro em frente à sua residência, no condomínio onde mora, no Lago Sul.
No caso de Flávio Dino, o ministro foi agredido verbalmente por uma mulher durante vôo, nesta segunda-feira (1º), enquanto se deslocava de São Luís a Brasília. Dino é um dos integrantes da 1ª Turma, colegiado onde está sendo realizado o julgamento. Aos gritos, uma passageira que demonstrando descontrole (segundo testemunhas) o apontou aos demais passageiros e alardeou: “infelizmente o avião está contaminado por pessoas dessa espécie”.
Situação contida por PF e comissários
O ministro olhou para a mulher mas permaneceu calado e não respondeu às provocações. A agressora, que tentou se aproximar, foi contida por comissários de bordo e por um agente da Polícia Federal que também estava no avião. Ela foi encaminhada, posteriormente, para prestar esclarecimento a respeito do caso num posto da Polícia Federal.
Apesar do ocorrido, Flávio Dino chegou à sessão sorridente e cumprimentou todos os colegas. Ele não comentou o ocorrido, mas o seu gabinete divulgou nota informando que o episódio foi “lamentável” e que todas as medidas cabíveis foram tomadas pelas autoridades competentes.
A nota também acrescentou que “agressões físicas e verbais dentro de aeronaves são inaceitáveis, inclusive por atrapalhar outros passageiros e colocar em risco a operação do próprio vôo, que é um serviço essencial”.
Filhos de Bolsonaro
Outro momento que provocou certo nervosismo entre as pessoas que estão concentradas do lado de fora do STF foi a informação de que os filhos do ex-presidente estão em frente à residência dele, recebendo manifestantes.
Equipes começaram a conversar entre si e até se dividiram na tentativa de precisarem se deslocar até o Lago Sul para saber o que estava acontecendo no condomínio de Bolsonaro. Mas a manhã, apesar disso, segue tranquila.
O que aconteceu, conforme ficou confirmado, foi que como o ex-presidente preferiu acompanhar o julgamento de sua casa e de não ter aparecido do lado de fora da residência, os filhos Flávio, Carlos e Jair Renan estão desde a madrugada em frente ao local, participando de grupos de orações e recebendo cumprimentos de apoiadores que têm ido até o local. Até mesmo como uma forma de blindar o pai, que está sob prisão domiciliar e não pode receber visitas que não sejam autorizadas judicialmente.
Desde o início da leitura do voto do ministro relator do processo, Alexandre de Moraes, o clima que impera em todos os espaços é de silêncio e muita atenção em relação ao relatório de Moraes.