Manifestantes se concentraram na noite desta segunda-feira no Jardim Botânico, em Brasília, onde o ex-presidente cumprirá medida determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Polícia Militar bloqueou acesso à Esplanada dos Ministérios para impedir que grupo se dirigisse ao Supremo Tribunal Federal.
Centenas de apoiadores de Jair Bolsonaro organizaram carreata pelas principais avenidas de Brasília após a determinação de prisão domiciliar. O ato incluiu buzinaço em apoio ao ex-presidente e mobilizou deputados da oposição e simpatizantes.
Os manifestantes inicialmente tentaram se dirigir à Esplanada dos Ministérios, localizada a 13 quilômetros do condomínio. A tentativa foi frustrada pelo bloqueio policial preventivo estabelecido pelas autoridades de segurança.
Mudança de rota para o condomínio
Impedidos de acessar a região dos Três Poderes, os apoiadores redirecionaram o protesto para as proximidades da residência de Bolsonaro. A Polícia Militar estabeleceu nova barreira para controlar o acesso de veículos ao portão.
Cerca de uma centena de manifestantes seguiu a pé até o local, entoando gritos como “O Brasil vai parar”. O grupo demonstrou apoio incondicional ao ex-presidente em meio às novas restrições judiciais.
A PM do DF confirmou à reportagem que “a via sentido Praça dos Três Poderes está interditada, na altura da Catedral de Brasília”. A medida visou evitar confrontos ou tentativas de invasão de prédios públicos.
Presença de figuras políticas
Entre os participantes do ato estavam o deputado Evair de Melo (PP-ES) e o advogado Sebastião Coelho, desembargador aposentado. Coelho integra a defesa de Filipe Martins, ex-assessor presidencial envolvido no caso da trama golpista.
O advogado já protagonizou embates públicos com o ministro Alexandre de Moraes durante o processo judicial. Sua presença no ato evidencia o apoio de setores jurídicos ligados à defesa dos réus.
A manifestação reuniu tanto políticos quanto cidadãos comuns simpatizantes do ex-presidente. O caráter espontâneo do protesto demonstra a capacidade de mobilização da base bolsonarista.
Fundamentos da decisão judicial
Moraes justificou a prisão domiciliar alegando “reiterado descumprimento de medidas cautelares” por parte do ex-presidente. O ministro afirmou que Bolsonaro “ignorou e desrespeitou” determinações do Supremo Tribunal Federal.
A decisão teve como base específica a participação telefônica de Bolsonaro em manifestação realizada em Copacabana no domingo. O evento reuniu apoiadores contra o STF e em favor da anistia.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a divulgar vídeo com fala do pai, mas removeu a publicação posteriormente. Na gravação, Bolsonaro disse que a manifestação era “pela nossa liberdade, pelo nosso futuro e pelo Brasil”.
Histórico das medidas restritivas
Desde julho, o ex-presidente estava submetido a medidas cautelares por suspeita de articulação internacional. As restrições incluíam proibição de usar redes sociais e recolhimento domiciliar noturno entre 19h e 6h.
A investigação apura possível coordenação com autoridades norte-americanas para pressionar o Judiciário brasileiro. O objetivo seria obter perdão judicial no caso da tentativa de golpe de Estado.
Moraes considerou que a divulgação das falas nas redes sociais constituiu violação das medidas anteriormente impostas. A escalada das restrições reflete o entendimento de que o réu não respeitou as determinações judiciais.
O caso integra processo mais amplo que investiga tentativa de golpe contra o resultado das eleições de 2022. Bolsonaro figura como réu principal ao lado de outros 32 denunciados pela Procuradoria-Geral da República.