Apoiadores de Jair Bolsonaro se concentraram na Avenida Paulista neste domingo (7) para manifestação pedindo anistia ao ex-presidente. O ato organizado pelo pastor Silas Malafaia reuniu 42.200 pessoas, segundo Monitor do Debate Político da USP, em momento crucial do julgamento da trama golpista no Supremo Tribunal Federal. Michelle Bolsonaro emocionou participantes ao aparecer segurando boneco do marido e chorar durante discursos. Tarcísio de Freitas atacou ministro Alexandre de Moraes e defendeu perdão aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro.
A manifestação explorou argumentos da direita de que julgamento no STF representa “perseguição política” contra Bolsonaro. Participantes estenderam bandeira dos Estados Unidos no meio da Paulista, contrastando com ato da esquerda que abriu bandeira do Brasil. O número de presentes ficou próximo às 45.400 pessoas registradas no 7 de setembro do ano anterior.
Michelle Bolsonaro chora na Paulista
A ex-primeira-dama foi ovacionada ao chegar na concentração e subir no carro de som. “Realmente, não tem sido dias fáceis. Estou tendo que me desdobrar como mãe, como esposa, como presidente do PL”, declarou Michelle aos manifestantes. Ela afirmou estar cuidando de Bolsonaro “para que ele fique bem” durante período de medidas cautelares.
Michelle criticou investigações sobre atentado contra marido e reclamou de restrições do STF. “Estou tendo minha liberdade religiosa perseguida”, afirmou a ex-primeira-dama. Segundo ela, tribunal não autorizou manutenção de cultos religiosos em casa durante prisão domiciliar de Bolsonaro. “É muita humilhação que estamos vivendo”, desabafou.
A participação por videochamada do ex-presidente foi descartada após episódio de agosto resultar em prisão domiciliar. Michelle explicou que Bolsonaro gostaria de participar remotamente, mas decisão judicial impediu nova tentativa. O ex-presidente não comparece fisicamente a manifestações desde implementação das medidas cautelares.
Tarcísio ataca Moraes e defende anistia
O governador de São Paulo adotou tom mais agressivo contra ministros do STF durante discurso. “Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, declarou Tarcísio após gritos de “Fora, Moraes”. O governador chamou o magistrado de “tirano” e questionou legitimidade do julgamento em curso.
Cotado para disputa presidencial de 2026, Tarcísio disse que não é possível ser “tímido” no momento atual. “Para nós, só existe um líder”, afirmou em referência a Bolsonaro. O governador defendeu projeto de anistia como forma de seguir “nossa tradição de reconciliação”, citando frase usada por ministro do Supremo.
“A condenação sem prova abre uma ferida que nunca vai fechar”, declarou o governador sobre julgamento. Segundo Tarcísio, processo está “maculado” e “viciado”, justificando necessidade de perdão. Ele cobrou posicionamento do presidente da Câmara, Hugo Motta, sobre tramitação do projeto que pode beneficiar Bolsonaro.
Pastor Malafaia e Costa Neto atacam STF
Silas Malafaia afirmou que Alexandre de Moraes “está destruindo o Estado Democrático de Direito” durante manifestação. O pastor comentou sobre operação da Polícia Federal do dia 20, quando foi alvo por supostamente obstruir julgamento. “Eu achei que estava demorando muito a chegar minha vez”, declarou o líder religioso.
O organizador do ato comparou parte da Polícia Federal à “Gestapo de Alexandre de Moraes”. Malafaia defendeu conversas com Bolsonaro reveladas pela operação, alegando que objetivo era “denegrir sua imagem” no meio evangélico. O pastor justificou ausência de Eduardo Bolsonaro nos EUA como estratégia para evitar prisão.
Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, negou tentativa de golpe e classificou 8 de janeiro como “baderna generalizada”. Apesar de defender punição aos responsáveis pelos atos, Costa Neto pediu anistia aos envolvidos. Cartazes agradeciam Donald Trump pelas sanções contra Brasil e pediam impeachment de Moraes.
Julgamento segue esta semana
A Primeira Turma do STF retoma julgamento da trama golpista na terça-feira próxima. Ministros têm até sexta-feira para decidir sobre absolvição ou condenação de Bolsonaro e outros sete réus. Alexandre de Moraes, relator da ação, votará primeiro, seguido por Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin.
A manifestação na Paulista representa mais um capítulo da pressão política sobre magistrados durante julgamento crucial. Participantes carregavam faixas pedindo liberdade para deputada Carla Zambelli e exaltando governo americano. O ato demonstra mobilização da base bolsonarista em momento decisivo para futuro político do ex-presidente.