Por Hylda Cavalcanti
Em novo desdobramento do escândalo que está sendo apurado pela Polícia Federal referente à emissão de títulos fraudulentos e outras irregularidades no Banco Master — que teve liquidação extrajudicial decretada nesta terça-feira (18/11) pelo Banco Central — e possíveis envolvimentos dessas irregularidades com o Banco de Brasília (BRB), o BRB iniciou esta quarta-feira (19/11) com um anúncio.
O Conselho de Administração do banco decidiu contratar uma auditoria externa especializada para apurar os fatos apontados pela operação Compliance Zero, da Polícia Federal.
A primeira fase da operação resultou em prisões, medidas de busca e apreensão, bloqueios de bens e no afastamento, por decisão judicial, do presidente do BRB, Paulo Henrique Costa, e do diretor financeiro da instituição, Dario Oswaldo Garcia Júnior. Ambos, por um período de 60 dias.
Práticas de governança
Em nota lacônica divulgada logo após a reunião do Conselho, os integrantes do órgão ressaltaram que “o BRB reafirma seu compromisso com as melhores práticas de governança, transparência e prestação de informações ao mercado”. Conforme o que se sabe das investigações, que ainda estão em curso, o BRB adquiriu R$ 12,2 bilhões de emissão de créditos do Banco Master feitos em operações irregulares.
As investigações têm, como um dos focos principais, descobrir se os dirigentes do Banco de Brasília e outras autoridades do Executivo do Distrito Federal sabiam dessa irregularidade e se a tentativa de compra do Master pelo BRB — que não chegou a ser realizada porque não foi autorizada pelo Banco Central — não teria sido uma tentativa de encobrir o Master.
Novo dirigente
Ontem mesmo, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), anunciou a demissão de Costa e indicou o superintendente da Caixa Econômica Federal em Brasília, Celso Eloi, para o cargo. A depende, ainda, de aprovação pelo plenário Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), conforme estabelece a legislação distrital.
Também ontem, mas somente à noite, o presidente Paulo Henrique Costa que ficou quase 24 horas sem dar notícias nem se manifestar sobre a operação, divulgou uma nota. Ele está nos Estados Unidos, segundo pessoas próximas, mas não disse quando retorna, o motivo da viagem, nem deu explicações consideradas importantes para o esclarecimento dos fatos.
Operação deflagrada
A Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, investiga esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo o Banco Master. A PF cumpriu vários mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Foram presos o dono do Master, Daniel Vorcaro, o ex-sócio Augusto Lima e o tesoureiro, Alberto Félix.
E foram determinados os afastamentos de Paulo Henrique Costa, e do diretor-financeiro do banco, Dario Oswaldo Garcia Júnior. A operação foi deflagrada um dia após o Master anunciar venda para a Fictor e investidores internacionais.



