O que falta para o julgamento das bets no STF?

Há 8 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

As apostas online movimentam um mercado bilionário e têm atraído cada vez mais investidores – a maioria estrangeiros. Mas, por outro lado, também têm afetado diretamente a vida das pessoas, com o aumento do endividamento das famílias.

Os impactos das chamadas bets são analisados em duas ações no Supremo Tribunal Federal. A Corte, inclusive, já determinou medidas para impedir o uso de recursos de programas sociais do governo, como o Bolsa Família, em apostas esportivas. A expectativa é que o STF julgue o mérito de duas ações sobre o tema em meados de 2025.

Nas ADIs 7721 e ADI 7.723, a Confederação Nacional do Comércio e o Partido Solidariedade pedem que as leis (13.756/2018 e 14.790/2023), que autorizaram e regulamentaram as bets, sejam consideradas inconstitucionais. Os autores das ações alegam que a legislação aumentou o endividamento das famílias e pode incentivar o vício em jogos. Além disso, apontam o risco de crianças e adolescentes terem acesso às apostas.

No dia 18/12, o Botafogo e o Cruzeiro pediram ao Supremo para ingressar como amigos da corte na ação sobre as bets. Os clubes afirmam que o patrocínio das apostas se tornou indispensável para a manutenção dos resultados dos times. 

Medidas cautelares

Em 14 de novembro, o Plenário do STF referendou, por unanimidade, as decisões liminares proferidas por Fux. O ministro determinou a suspensão, em todo o país, de qualquer publicidade de jogos de apostas online de cota fixa para crianças e adolescentes. Determinou também que o Ministério da Fazenda implemente medidas imediatas que impeçam o uso de recursos  de programas sociais e assistenciais, como o Bolsa Família, em apostas online. 

Em dezembro, a Advocacia-Geral da União informou ao Supremo que há dificuldades operacionais para levantar dados e cumprir a decisão da Corte para impedir gastos dos beneficiários de programas sociais do governo federal com as apostas esportivas. 

No pedido, a AGU alega que o acórdão do Tribunal que determinou as proibições apresenta “obscuridade no seu conteúdo”. Pede também que a Corte detalhe como o Governo Federal deve cumprir as determinações. 

Em outra frente, o TCU  mandou o governo criar uma solução contra o uso de recursos de programas sociais em apostas.  

PGR 

O tema, considerado de grande impacto social na vida da população, também foi alvo de questionamento da Procuradoria – Geral da República, numa ação protocolada no Supremo. A PGR argumenta que a chamada lei das Bets não oferece mecanismos suficientes para proteger consumidores, especialmente os mais vulneráveis, dos efeitos negativos do jogo. 

A PGR também pede que o STF suspenda os efeitos da legislação atual e retome a vigência do Decreto-Lei 3.688/1941, que considera as apostas como contravenção penal. 

Regulamentação das bets

Alvo de questionamentos no Supremo, a regulamentação das Bets foi feita por etapas. O mercado regulado de apostas de cotas fixas começou a valer no dia primeiro de janeiro de 2025. Ao todo, 66 empresas foram liberadas para operar no país e devem seguir uma série de regras. Entre elas, se identificar pelo domínio “bet.br”.

Mercado bilionário

Um levantamento feito pelo Banco Central revelou o tamanho do mercado de apostas no Brasil. Os dados mostraram transferências mensais de R$ 18 bilhões a R$ 21 bilhões. Os impactos são sentidos nas classes D e E, que concentram, segundo estimativas, 40% dos apostadores, o que afeta principalmente famílias de baixa renda. 

Os números do órgão também mostram que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família gastaram, só em agosto, cerca de R$ 3 bilhões em apostas, com uma média de R$ 100 cada. 

De acordo com o monitoramento, as empresas de bets receberam cerca de R$ 20 bilhões de 24 milhões de apostadores, com perfil entre 20 e 40 anos de idade.

Prejuízos

Um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) indica que as bets podem gerar um prejuízo anual de R$ 117 bilhões aos estabelecimentos comerciais do país.

Os resultados do estudo, divulgados em setembro deste ano, mostram ainda que, entre junho de 2023 e junho de 2024, os brasileiros gastaram R$ 68 bilhões em apostas eletrônicas. O montante representa 0,62% do Produto Interno Bruto (PIB) do país e 0,95% do consumo total no período.

 

 

 

Autor

Leia mais

TSE abre trabalhos com posse de ministros e recado da presidente

Com voto de Cármen Lúcia, STF rejeita por unanimidade recurso de Bolsonaro

Há 13 horas

Moraes e Zanin votam para tornar réu ex-assessor acusado de vazar informações sigilosas do STF e TSE

Há 14 horas
PL que endurece crime de estupro de vulnerável vai a votação no plenário do Senado

CCJ do Senado aprova projeto que torna crime toda relação sexual com menores de 14 anos

Há 15 horas
Aeroporto de Montes Claros, MG

Jeffis Carvalho: Empreender é quase uma arte. No interior do Brasil.

Há 15 horas

STF tem maioria para manter condenação de Bolsonaro

Há 15 horas
Apreensão de madeira.

AGU assegura R$ 25,5 milhões em indenização por desmatamento em unidades de conservação no Pará

Há 15 horas
Maximum file size: 500 MB