Paralisação histórica obriga governo a reduzir tráfego aéreo em 40 aeroportos; medida começa a valer na sexta-feira
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta quarta-feira (5) que pedirá às companhias aéreas o cancelamento de milhares de voos a partir da próxima sexta-feira (7). A medida busca aliviar a pressão sobre os controladores de tráfego aéreo, que enfrentam sobrecarga e trabalham sem remuneração devido ao “shutdown” — a paralisação parcial do governo federal, que já entra em seu 36º dia, a mais longa da história do país.
“Será aplicada uma redução de 10% na capacidade em 40 aeroportos, incluindo os mais movimentados do país”, declarou o secretário de Transportes, Sean Duffy, em entrevista coletiva.
Falta de controladores afeta operação aérea
A Administração Federal de Aviação (FAA) enfrenta uma grave escassez de pessoal desde o início do shutdown em 1º de outubro. Sem receber salários, muitos controladores deixaram de comparecer ao trabalho, causando atrasos significativos em todo o país. No último fim de semana, o Aeroporto Internacional Newark Liberty, em Nova Jersey, registrou esperas de várias horas.
“Não podemos esperar por uma crise para agir”, disse o administrador da FAA, Bryan Bedford. Segundo ele, as ausências vêm crescendo e ameaçam a segurança do espaço aéreo nacional.
Tanto Bedford quanto Duffy se reuniram com executivos de companhias aéreas nesta quarta-feira para definir como implementar a redução de forma segura. A lista dos mercados afetados será divulgada na quinta-feira (6).
Cortes incluem voos comerciais e lançamentos espaciais
A medida deve impactar principalmente voos comerciais, mas também afetará lançamentos espaciais e aeronaves que operam sob regras visuais de voo. Essas operações, segundo as autoridades, aumentam a complexidade do trabalho dos controladores, já sobrecarregados.
Segundo estimativas da consultoria Cirium, a decisão pode resultar no cancelamento de até 1.800 voos apenas na sexta-feira. A temporada de viagens mais movimentada do ano nos Estados Unidos torna o impacto ainda mais preocupante.
“Estamos adotando medidas proativas para manter o espaço aéreo seguro”, disse Duffy. Ele alertou que, se a situação continuar a se deteriorar, novas restrições poderão ser adotadas nos próximos dias.
Crise inédita e sem precedentes
O shutdown atual, iniciado pela falta de acordo entre democratas e republicanos para aprovar o orçamento federal, já se tornou o mais longo da história dos EUA. Com 36 dias de duração até esta quarta-feira, ele supera paralisações anteriores e impõe efeitos práticos em setores essenciais do governo.
Bedford, com 35 anos de experiência na aviação, afirmou que nunca havia visto situação semelhante. “Estamos em território desconhecido. Esperamos poder retornar à normalidade o quanto antes”, disse.
Ele lembrou ainda que, após um acidente aéreo ocorrido em janeiro nas proximidades do Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, o monitoramento do espaço aéreo passou a ser mais rigoroso. “Tempos incomuns exigem decisões incomuns”, concluiu.



