O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), recentemente escolhido para representar o bolsonarismo nas eleições presidenciais de 2026, afirmou neste domingo (7) que pode abrir mão da candidatura, desde que um “preço” seja pago. Entre as condições apontadas está a votação do projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 — proposta que pode beneficiar diretamente seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente preso.
A declaração foi feita durante participação de Flávio em um culto evangélico em Brasília (DF), onde também acenou para outros nomes da direita, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e cobrou os presidentes da Câmara e do Senado pela falta de avanço na tramitação da anistia.
Anistia como moeda de troca
Durante conversa com a imprensa, Flávio disse que “há um preço” para que ele não siga até o fim com sua candidatura e indicou que esse valor político passa pela votação da anistia. Questionado sobre o tema, ele respondeu de forma ambígua, mas sugeriu que a imprensa estava no caminho certo ao apontar a pauta como moeda de troca.
“Tem uma possibilidade de eu não ir até o fim, mas eu tenho um preço pra isso”, afirmou. E completou: “Não é só isso [pautar a anistia], tem que dar mais”.
Segundo o senador, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), teriam prometido pautar a anistia. Ele disse esperar que o compromisso seja cumprido ainda nesta semana.
Reunião com líderes e apoio a Tarcísio
Flávio adiantou que se reunirá com lideranças partidárias da direita nesta segunda-feira (8), para debater sua candidatura. Estão previstos nomes como Antônio Rueda (União Brasil), Ciro Nogueira (PP), Marcos Pereira (Republicanos), Valdemar Costa Neto e Rogério Marinho (ambos do PL).
A escolha do senador pegou parte do campo conservador de surpresa. Apesar disso, Flávio garantiu que não há divisão na direita e elogiou Tarcísio de Freitas, possível concorrente dentro do mesmo campo político. “O Tarcísio é o principal cara do nosso time hoje. Vamos começar a ganhar a eleição por São Paulo”, disse.
Candidatura com foco no discurso conservador
Flávio Bolsonaro destacou que sua candidatura terá tom mais moderado em relação a outros membros da família. Ele se autodefiniu como o “Bolsonaro mais centrado” e prometeu atuar com responsabilidade fiscal, defendendo valores conservadores e combatendo o que chama de “ameaças à democracia”.
Em seu discurso, atacou o governo Lula, classificando-o como uma “tragédia anunciada”, e acusou o presidente de usar a máquina pública para perseguir adversários políticos. Disse ainda que o país precisa passar por uma “redemocratização”.
Críticas ao STF e aceno ao mercado
O senador também criticou a decisão recente do Supremo Tribunal Federal que restringiu o poder do Senado de apresentar pedidos de impeachment contra ministros da Corte. “Me pareceu uma blindagem do STF”, afirmou.
Flávio tentou ainda agradar o mercado financeiro ao prometer responsabilidade fiscal. “Assim como o mercado, eu tenho a convicção de que o Brasil não aguenta mais quatro anos [de Lula]”, disse.
Culto evangélico marca início da pré-campanha
O pronunciamento foi feito durante um culto evangélico em Brasília, na igreja Comunidade das Nações, conhecida por sua oposição ao que chama de “ideologias progressistas”. Embora o culto tenha sido liderado pelo Pastor Pedro Leite, preferido de Flávio, o local é dirigido pelo Bispo JB Carvalho, crítico do que denomina “evangelho woke”.
Flávio foi um dos que levantaram as mãos quando o pastor perguntou quem havia sido “alcançado pelo favor de Deus”. A presença da imprensa no evento foi incentivada por sua assessoria.
Essa foi a primeira aparição pública do senador após o anúncio de sua pré-candidatura. A tendência é que ele enfrente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026, caso o atual presidente confirme sua candidatura, o que deve acontecer até março de 2026.



