Por Hylda Cavalcanti
Um ambiente tenso e cheio de expectativas impera na frente dos anexos 2 e 3 do prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) desde por volta das 5h da manhã. Uma fila quase interminável de jornalistas para pegarem suas credenciais – são ao todo 501 os autorizados para a cobertura do julgamento – dominou a cena em frente à sala da primeira turma do STF. Além disso, a todo instante chegavam pessoas cadastradas para participar do julgamento, sobretudo advogados e políticos.
Uma das primeiras a chegar foi a deputada federal Jandira Feghali (PC do B-RJ). Ela entrou afirmando que pelo menos outros 10 parlamentares vão acompanhar os cinco dias de sessão do julgamento dos acusados pela tentativa de golpe de Estado.
Testemunha ocular
Jandira repetiu afirmações que têm sido reiteradas nos últimos dias por vários parlamentares da base do governo. Disse que como integrante da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou, no Congresso Nacional, os atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023, faz questão de ser uma personagem ocular dessa “parte significativa da história do Brasil”.
“Trata-se da primeira vez que o Estado brasileiro vai responder a ataques contra a democracia. Tenho certeza de que a Justiça será feita e quero presenciar este momento. É a primeira vez que será julgado pelo STF um ex-presidente da República e vários generais de alta patente”, frisou.
Também entraram rapidamente o deputado Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) e o líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Faria (PT-RJ).




Impacto no Congresso Nacional
Todos os parlamentares destacaram a possibilidade do resultado do julgamento desta terça-feira (02/09) interferir de forma impactante no ambiente político do Congresso Nacional. Sobretudo, na tramitação de processos que tratam sobre temas relacionados aos atos golpistas ou a punições legais a parlamentares.
“A proposta de foro privilegiado eu não acredito que vá passar mais. A questão da proposta das prerrogativas, que ainda não conseguiram chegar a um consenso para levar a votação, não sei se andará mais. Tudo dependerá do resultado desse julgamento, e essa repercussão também terá efeito para por todas as demais matérias” que tramitam na Câmara ou no Senado, enfatizaram Jandira e o Pastor Henrique.
Drones, policiais e UTI móvel
Enquanto os jornalistas correm de um lado e do outro para ouvir políticos e advogados, na área em torno do prédio do julgamento concentram-se carros policiais, veículos de UTIs com médicos à disposição para o caso de alguém passar mal, drones e todo um esquema de segurança.
Equipamentos de segurança e grande número de policiai também estão concentrados em duas salas anexas e no próprio espaço onde acontece, neste momento, a sessão da 1ª Turma.
Dentre os vários advogados que entraram pela frente e foram abordados pelos repórteres, muitos preferiram não falar com os jornalistas. Um dos integrantes da defesa de Jair Bolsonaro, disse que apesar de não ter falado com o ex-presidente hoje, soube pelos colegas que ele acordou “sereno e de bom humor”.

