Presidente visita ribeirinhos e indígenas no Pará e promete energia para 4,3 mil famílias na região de Santarém
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo (2) que a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), prevista para novembro de 2025, em Belém (PA), será um marco para mudar a maneira como o mundo vê a Amazônia. Em discursos a comunidades ribeirinhas e indígenas no oeste do Pará, o presidente defendeu o modelo de desenvolvimento que alia sustentabilidade e dignidade para os povos da floresta.
“Essa COP30 é um momento único na história do Brasil, porque é um momento em que a gente está obrigando o mundo a olhar a Amazônia com os olhos que deve olhar para a Amazônia. Não é só pedir para a gente manter a floresta em pé”, disse o presidente durante encontro com moradores da comunidade de Jamaraquá, na Floresta Nacional do Tapajós.
A agenda integra os compromissos prévios à COP30 e à Cúpula do Clima, que reunirá chefes de Estado nos dias 6 e 7 de novembro, também na capital paraense.
Energia elétrica para comunidades indígenas
Mais cedo, Lula também visitou a Aldeia Vista Alegre do Capixauã, localizada na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, na região de Santarém. Durante a conversa com lideranças locais, o presidente prometeu levar energia elétrica para 4.338 famílias indígenas que ainda vivem sem acesso regular à eletricidade.
“Hoje a energia é a coisa mais fácil para a gente fazer, porque a gente pode fazer placa solar, pode preservar o ambiente, pode trazer energia para vocês, e eu prometo para vocês que vocês vão ter energia aqui na comunidade de vocês”, afirmou Lula, surpreso com a ausência do serviço básico.
A cacique Irenilce Kumaruara foi quem apresentou a demanda diretamente ao presidente, ressaltando que mais de 13 mil indígenas aguardam a chegada da energia.
Demarcações e criação da Universidade Indígena
A presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, anunciou que as demarcações físicas das terras de Vista Alegre e Escrivão devem ocorrer no primeiro semestre de 2026. Ela lembrou que, desde o início do atual governo, 16 terras indígenas foram homologadas — superando a meta inicial de 14.
Ainda na visita à aldeia, Lula também anunciou a criação da Universidade Indígena, cuja sede será em Brasília. O lançamento está marcado para o próximo dia 17 de novembro. “Já temos uma ministra indígena, a Funai indígena, o chefe da saúde indígena. Faltava uma universidade indígena”, disse Lula.
Segundo ele, a proposta é que os cursos tenham extensões em todos os estados, evitando o deslocamento de estudantes para longe de suas comunidades. “As meninadas vão poder estudar perto de onde moram”, afirmou.
Bioeconomia como modelo sustentável
Durante a visita à comunidade de Jamaraquá, Lula defendeu que preservar a floresta exige garantir acesso a saúde, educação e geração de renda para seus habitantes. “Essas pessoas, se não ganharem o que comer, não vão tomar conta de nada”, declarou.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, também participou da agenda e destacou o modo de vida das famílias da região como exemplo de sociobiodiversidade. “Aqui é exemplo de como manter a floresta em pé e gerar condições de vida e dignidade para as pessoas”, disse ela.
A Floresta Nacional do Tapajós abriga cerca de 1.200 famílias em mais de 500 mil hectares de área preservada. A comunidade de Jamaraquá é referência em turismo de base comunitária e produção artesanal de biojoias.
Pará em destaque na COP30
A visita de Lula e sua equipe ao interior do Pará reforça o protagonismo da região na preparação para a COP30. No sábado (1º), o presidente participou da inauguração da ampliação do aeroporto internacional de Belém e das obras no Porto de Outeiro, que fazem parte da estrutura logística voltada para o evento global sobre clima.
Com a conferência se aproximando, o governo federal busca mostrar ao mundo a Amazônia como símbolo de soluções sustentáveis e inclusão social. Lula permanecerá no estado ao longo da semana, cumprindo uma série de agendas voltadas para temas ambientais e sociais.



