O chanceler Mauro Vieira afirmou nesta quinta-feira (13), em Washington, que o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, sinalizou positivamente para um acordo provisório com o Brasil sobre o chamado tarifaço. A medida está em vigor desde agosto e tem gerado tensões comerciais entre os dois países. O entendimento temporário pode ser fechado até o final de novembro ou início de dezembro.
Segundo Vieira, o objetivo é que esse acordo funcione como um “mapa do caminho” para a negociação de um pacto definitivo no prazo de até três meses. A expectativa é de que os dois países resolvam todas as pendências comerciais até o primeiro trimestre de 2026.
Negociação avança após sinalização política
Em declaração à imprensa, Mauro Vieira destacou que o gesto do governo americano demonstra disposição para superar o impasse tarifário. O ministro participou de reunião bilateral com Rubio na capital dos EUA, em que discutiram o cenário atual das relações comerciais e as tratativas técnicas em curso.
“O que tinha sido proposto nas reuniões técnicas era se chegar a um acordo provisório até o final deste mês. Esse acordo estabeleceria um mapa do caminho para uma negociação que poderia durar dois ou três meses, até concluir todas as questões entre os dois países”, afirmou o chanceler.
Vieira também ressaltou que essa disposição é uma sinalização política do governo dos Estados Unidos. Segundo ele, Rubio informou que conversou com o presidente Donald Trump sobre o encontro, e que o mandatário manifestou interesse em manter boas relações com o Brasil. Trump teria lembrado, inclusive, da recente reunião com o presidente Lula, realizada na Malásia.
Itamaraty já respondeu às demandas americanas
O ministro das Relações Exteriores explicou que o Brasil enviou, em 4 de novembro, uma resposta oficial ao governo americano com sugestões para contornar parte dos temas listados pelos Estados Unidos em outubro. Essas questões envolvem tarifas sobre produtos agrícolas, industriais e outros pontos sensíveis da agenda bilateral.
Segundo Vieira, a resposta brasileira ainda está sendo avaliada pela Casa Branca. Rubio afirmou que o retorno oficial deve ser enviado ao Itamaraty até esta sexta-feira (14) ou no início da próxima semana. A expectativa é de que essa devolutiva traga elementos concretos para viabilizar o acordo provisório.
“O secretário de Estado disse que estão examinando com atenção, porque querem resolver rapidamente as questões bilaterais com o Brasil”, afirmou o chanceler.
Caminho passa por diálogo técnico e político
Apesar do avanço, Mauro Vieira preferiu não antecipar quais medidas fariam parte do eventual acordo temporário. De acordo com o ministro, as discussões com Rubio giraram em torno de um marco geral, e não de pontos específicos da pauta tarifária. A condução técnica das negociações, explicou ele, segue sendo feita por canais diplomáticos virtuais e presenciais, conforme a necessidade.
“Nós discutimos um marco geral, não questões específicas. Esse canal de diálogo, como foi estabelecido entre os dois presidentes na Malásia, é um diálogo político para abrir caminhos. As negociações técnicas são realizadas de forma paralela”, concluiu.
A perspectiva de um acordo provisório reduz momentaneamente a tensão entre os países e cria um ambiente mais favorável para o avanço das tratativas comerciais. Caso se confirme, o entendimento representará um passo importante para restabelecer o equilíbrio nas relações bilaterais e reduzir os efeitos negativos do tarifaço.



