Javier Milei comemora vitória na eleição de meio de mandato

Milei celebra vitória nas legislativas e promete “grande Argentina”: partido obtém maioria em meio à crise cambial

Há 26 segundos
Atualizado segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Presidente argentino consolida apoio no Congresso, comemora virada histórica e fortalece aliança com os EUA após promessa de ajuda bilionária de Trump

O presidente da Argentina, Javier Milei, comemorou com entusiasmo a vitória de seu partido, Liberdade Avança (LLA), nas eleições legislativas de meio de mandato realizadas neste domingo (23). O pleito, considerado decisivo para a continuidade de seu programa ultraliberal, garantiu à sigla mais de 40% dos votos em quase todo o país, com vitórias em 16 dos 24 distritos eleitorais.

“Hoje começa a construção de uma grande Argentina”, declarou Milei em pronunciamento, destacando o momento como um “ponto de virada” na história do país. O presidente agradeceu aos eleitores que optaram pelas “ideias de liberdade” e fez referência direta ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao adaptar o slogan: “tornar a Argentina grande novamente”.

Vitória amplia base de apoio no Congresso

Com 97,87% dos votos apurados, o LLA conquistou 40,76% dos votos e 64 cadeiras na Câmara dos Deputados, que teve 127 das 257 vagas renovadas. A sigla ainda elegeu senadores para o terço renovável do Senado, totalizando 20 cadeiras.

O partido peronista Força Pátria ficou em segundo lugar, com 24,31% dos votos e 31 cadeiras. Já a sigla de direita PRO (Proposta Republicana), do ex-presidente Mauricio Macri, obteve 14 vagas e se posiciona como possível aliada do governo.

A nova composição parlamentar garantirá a Milei condições mais favoráveis para aprovar reformas e manter vetos, embora ainda dependa de coalizões para alcançar maioria qualificada. Somadas, as bancadas de LLA e PRO reúnem 107 deputados, superando os 97 da oposição peronista.

Apoio dos EUA e dependência econômica

O resultado eleitoral foi acompanhado de perto pelo governo dos Estados Unidos. Donald Trump, aliado declarado de Milei, havia condicionado um apoio financeiro bilionário à performance do presidente argentino nas urnas. O Tesouro americano interveio no mercado cambial para conter a desvalorização do peso, e o governo argentino confirmou a liberação de até US$ 40 bilhões (cerca de R$ 215 bilhões) em apoio emergencial.

A promessa de ajuda externa ajudou a estabilizar o mercado em meio à corrida cambial que havia derrubado o valor do peso em 8% após a derrota do governo na província de Buenos Aires, no mês passado.

Votação surpreendente em Buenos Aires e interior

A capital argentina foi palco de uma das maiores surpresas da noite: o partido de Milei venceu na cidade de Buenos Aires, conquistando 17 das 35 cadeiras em disputa, superando o Força Pátria, que ficou com 16.

No interior do país, a sigla obteve expressiva vantagem em províncias como Mendoza (53,86%), Entre Ríos (52,90%) e San Luis (51,49%). A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, também foi eleita senadora pelo LLA.

Críticas, repressão e desgaste político

Apesar da vitória, Milei chega ao segundo ano de mandato sob forte pressão política e social. A implementação de seu programa econômico reduziu a inflação, mas gerou desemprego em massa, colapso industrial e cortes severos nos orçamentos de saúde, educação e previdência.

Os protestos contra as medidas foram reprimidos com rigor, o que gerou críticas de organizações de direitos humanos. Karina Milei, irmã e secretária-geral da Presidência, também é alvo de investigações por corrupção, assim como o próprio presidente, envolvido em uma apuração sobre suposta criptofraude.

Reforma e governabilidade em pauta

Com a nova configuração do Congresso, o governo se aproxima da chamada “minoria de bloqueio”, o que permite a sustentação de vetos presidenciais. No entanto, ainda será necessário construir alianças para aprovar reformas estruturais — um desafio diante da fragmentação partidária e da resistência dos governadores.

A eleição teve participação de 67,92% dos eleitores, abaixo da média histórica do país desde 1983, e confirma uma tendência de queda no engajamento político da população argentina.

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