Faleceu Sergio Bermudes, um dos mais respeitados nomes da advocacia brasileira, fundador do tradicional escritório que leva seu nome e figura central na evolução do direito processual civil no país.
Carreira marcada pela coragem e excelência técnica
Sergio Bermudes iniciou sua trajetória na advocacia em 1969, ao fundar o escritório Sergio Bermudes Advogados. Desde então, construiu uma carreira sólida, sendo amplamente reconhecido por sua atuação combativa e técnica diante dos tribunais, no Brasil e no exterior.
Um dos marcos iniciais de sua atuação foi a defesa da viúva de Vladimir Herzog nos anos 1970. O caso resultou numa das primeiras derrotas judiciais da ditadura militar, com o reconhecimento de que o jornalista havia sido assassinado sob custódia do Exército.
A partir dos anos 1980, Bermudes consolidou-se como líder na área do contencioso cível e reestruturação empresarial, atuando em disputas bilionárias, como a dos poupadores contra bancos, encerrada em 2017 com um acordo histórico.
Escritório de referência e legado institucional
O escritório fundado por Bermudes tornou-se referência nacional. Com sedes no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte, conta com mais de 130 advogados e consultores, além de uma estrutura de apoio composta por 250 funcionários e 120 estagiários.
Esse crescimento é reflexo direto da reputação de Sergio Bermudes como advogado, consultor e pensador do direito, responsável por transformar a prática jurídica empresarial e processual no país.
Atuação acadêmica e contribuições ao direito
Bermudes iniciou sua carreira docente em 1970 e, em poucos anos, assumiu cátedras em algumas das principais faculdades do país. Lecionou na Universidade do Estado da Guanabara e, a partir de 1978, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), onde também participou do Conselho de Desenvolvimento.
Nomeado pelo Governo da República, integrou, em 1985, a comissão de juristas responsável pela revisão do Código de Processo Civil. Também atuou como juiz do Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro por dois anos, além de participar de bancas de concursos públicos e congressos nacionais e internacionais.
Reconhecimentos e produção intelectual
Sua atuação foi amplamente reconhecida por publicações especializadas como Chambers & Partners, Legal 500, Benchmark Litigation e Leaders League. Na publicação Análise Advocacia 500, figurou como o advogado mais admirado em diversas áreas.
Bermudes também teve intensa produção acadêmica. Atualizou a coletânea de 18 volumes dos Comentários ao Código de Processo Civil de Pontes de Miranda e publicou livros fundamentais para a formação de juristas, como Curso de Direito Processual Civil – Recursos e CPC de 2015: Inovações.
Protagonista na construção do direito moderno
Membro de diversas entidades jurídicas nacionais e internacionais, Sergio Bermudes contribuiu significativamente para o desenvolvimento do direito processual civil, tanto em sua aplicação prática quanto na construção teórica. Sua morte representa a perda de uma das maiores referências jurídicas do Brasil nas últimas décadas.



