Por qualquer ângulo que se olhe, é inevitável a conclusão: o remake de Vale Tudo é um fracasso artístico total e absoluto. Um desperdício de talentos – do elenco à própria escritora que topou mexer em um clássico da teledramaturgia brasileira. Uma obra-prima das novelas virou um pastiche mercadológico. Sim, porque só uma coisa se salva nessa versão ridícula: o faturamento da Rede Globo.
Uma das coisas mais nefastas da história de televisão mundial atende pelo nome idiota de Big Brother – que aqui teve a inserção de “Brasil”. Esqueçam o Grande Irmão… provavelmente Orwell foi confundido pela equipe da Endemol como um espião de buraco de fechadura. Não tem como entender porque esse formato ganhou dimensões planetárias. Só pode ser o que eu inventei tempos atrás: é o fator Kombi em total ação e sintonia. O que é o fator Kombi? É o que define que no fundo, no fundo, a humanidade adora uma porcaria.
Pois, agora, o tal BBB conseguiu seu maior feito: invadiu o nobre espaço da novela das 9, historicamente o prato principal da nossa TV. E nem chegou de Kombi, veio a jato mesmo e tomou conta do cenário. A idiotia maior de um realismo chinfrim, que se pretende melhor que a ficção, com seus personagens toscos interpretados por gente “real” e que jamais deveria ter lugar na televisão, trouxe para o remake de Vale Tudo o próprio sentido de vale tudo. Ou vale qualquer coisa por uns tostões. Afinal, a única razão para existir uma coisa como BBB há 25 anos na TV, é a possibilidade do faturamento, de dar às marcas o direito de se fazer presente nas próprias tramas, mas com o que a publicidade conseguiu criar de pior em sua história.
Como o que se fez foi um vale tudo e mais um pouco, a cada três ou quatro cenas, lá vinha uma marca se vendendo em meio ao drama que até tinha pretensões em ser levado a sério, mas que virou uma boçalidade sem tamanho. Nasceram os gêmeos? Dá-lhes produtos para o banho. Faltou a cerveja pra animar a comemoração da casa nova de Raquel Acioly? Chama o delivery a jato.
Quem diria, né… não foi só Greta Garbo que acabou no Irajá; foi também Thais Araújo e, por tabela Regina Duarte, que se acabaram num condomínio de casas todas iguais, como um conjunto habitacional do CDHU especialmente construído para a classe média alta.
Nessa toada BBB de merchandising só falta mesmo para o último capítulo um final antológico na revelação de quem matou Odete Roitman: foi a arma, o revólver.
E aí podemos ter, em horário nobre, o merchandising de um Taurus. Isso é que é inédito, hein?