Procurador-Geral da República Paulo Gonet

Para a PGR, divulgação de salários por empresas afronta a livre iniciativa

Há 6 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Um parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR) sobre a Lei 14.611/2023, que define mecanismos para promover a igualdade salarial entre homens e mulheres, encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e divulgado no fim de semana, considera que a legislação tem uma parte que deve ser considerada inconstitucional. 

Conforme o documento, a exigência de que empresas com mais de 100 empregados divulguem semestralmente relatórios de transparência salarial nos seus sites institucionais representa “afronta aos princípios constitucionais da livre iniciativa, da livre concorrência e da proteção à intimidade”.

“Mesmo que os dados sejam anonimizados, a correlação entre cargo e remuneração pode permitir a identificação de pessoas, o que violaria a privacidade dos trabalhadores e poderia gerar prejuízos comerciais às empresas”, afirmou no texto, o procurador-geral da República, Paulo Gonet.

ADIn do Partido Novo

O parecer da PGR sobre o tema foi apresentado em função da Ação Direta de Inconstitucionalidade dessa legislação (ADI) de Nº 7.631, ajuizada ao STF pelo Partido Novo.

A lei determina que os relatórios apresentem informações sobre os salários de homens e mulheres, bem como a proporção de ocupação de cargos de direção, gerência e chefia por gênero. No parecer, a PGR reconheceu que o objetivo da legislação é legítimo, mas considerou que a forma de cumprimento pode expor dados estratégicos e sensíveis, além de provocar interpretações equivocadas sobre eventuais desigualdades não justificadas, sem permitir às empresas apresentar explicações prévias.

O procurador também opinou pela inconstitucionalidade da expressão “independentemente do descumprimento do disposto no art. 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)”, prevista no artigo 5º da lei. Para a PGR, a expressão amplia indevidamente a obrigatoriedade de adoção de planos de ação pelas empresas mesmo quando não há prova de descumprimento das regras sobre equiparação salarial.

Liberdade sindical

Por outro lado, Gonet afastou o argumento apresentado na ADI de que a lei violaria a liberdade sindical. O PGR considerou válida a possibilidade de participação direta de trabalhadores em empresas com até 200 empregados na elaboração dos planos de ação, sem excluir a atuação de entidades sindicais.

No processo, o Partido Novo alega que a legislação impõe ônus excessivo às empresas e obriga a divulgação de informações que poderiam revelar estratégias de custo e formação de preços. O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes e também é alvo de questionamentos em outra ação, a ADI Nº 7.612, ajuizada por entidades representativas do setor industrial e do comércio.

A Câmara dos Deputados, o Senado Federal e o Poder Executivo já se manifestaram pela constitucionalidade da norma, cujo objetivo é a promoção da igualdade material de gênero no ambiente de trabalho. Até o momento, não há data para julgamento no STF.

-Com agências

Autor

Leia mais

Corpos de vítimas da PM do Rio de Janeiro são enfileirados a céu aberto por populares

Governo do RJ defende legalidade e proporção no uso da força na Operação Contenção

Há 11 horas
TRF 4 suspende sentença que anulou processo seletivo para transgêneros em universidade

TRF4 suspende decisão que anulava cotas para pessoas trans na FURG

Há 12 horas

Mauro Cid tem tornozeleira eletrônica retirada após audiência no STF nesta segunda-feira (3)

Há 14 horas

Moraes nega sexto pedido da defesa e mantém prisão preventiva de Braga Netto

Há 14 horas

STF marca julgamento de denúncia contra Eduardo Bolsonaro por coação processual

Há 14 horas
TST mantém condenação ao Bradesco por abrir agência durante greve de vigilantes

TST mantém condenação ao Bradesco por abrir agência durante greve de vigilantes na Bahia

Há 14 horas
Maximum file size: 500 MB