Da Redação
A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (28/5) a 7ª fase da Operação Sisamnes para investigar os possíveis mandantes e eventuais coautores do homicídio de um advogado ocorrido em 2023, em Cuiabá (MT). A operação revelou a existência de uma organização criminosa responsável por crimes de espionagem e homicídios sob encomenda.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão preventiva, quatro mandados de monitoramento eletrônico e seis mandados de busca e apreensão nos estados de Mato Grosso, São Paulo e Minas Gerais. Além disso, foram aplicadas medidas cautelares como recolhimento domiciliar noturno, proibição de contato entre investigados, impedimento de saída do país e recolhimento de passaportes.
Organização criminosa multifacetada
As investigações da Polícia Federal descobriram que a organização criminosa não se limitava apenas aos homicídios. O grupo atuava de forma estruturada em diversas frentes criminosas, incluindo espionagem e execuções por encomenda, configurando uma rede criminal sofisticada e perigosa.
O caso ganhou maior dimensão quando as investigações revelaram conexões com um esquema de corrupção no Poder Judiciário, envolvendo a venda de sentenças judiciais que movimentava valores milionários.
Histórico da Operação Sisamnes
A Operação Sisamnes, que teve início em novembro de 2024, já passou por seis fases anteriores, cada uma revelando novas camadas do esquema criminoso:
Fases iniciais: Descoberta do esquema de venda de decisões judiciais
Fases intermediárias: Investigação de lavagem de dinheiro e operações imobiliárias suspeitas
5ª Fase (maio 2025): Sequestro de bens e valores de aproximadamente R$ 20 milhões
6ª Fase (maio 2025): Prisões por obstrução da justiça
Impactos no Judiciário
O desenrolar das investigações causou abalos significativos no sistema judiciário brasileiro. A morte de Zampieri levou à descoberta de um esquema de venda de sentenças no Judiciário de Mato Grosso. Em agosto de 2024, mensagens extraídas do celular da vítima culminaram no afastamento dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho.
Posteriormente, o esquema se expandiu para além do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, alcançando também o Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde foram identificadas práticas de corrupção envolvendo a compra de decisões judiciais.
Rede de lavagem de dinheiro
As investigações da Polícia Federal identificaram uma rede financeira-empresarial de lavagem de dinheiro, criada para dissimular a origem ilícita das supostas “propinas” lançadas para a compra de decisões judiciais proferidas no âmbito do Superior Tribunal de Justiça.
O objetivo era romper a vinculação direta entre os agentes corruptores e os servidores públicos corrompidos, criando uma estrutura complexa para ocultar os pagamentos ilícitos.
Significado do nome
O nome “Sisamnes” faz referência a um juiz da Pérsia antiga que foi executado por corrupção durante o reinado de Cambises II, no século V a.C. A escolha simboliza o combate à corrupção no Poder Judiciário e a determinação das autoridades em punir severamente os envolvidos em práticas criminosas.
Continuidade das investigações
A 7ª fase da Operação Sisamnes representa um marco importante na investigação, focando especificamente nos mandantes do homicídio que deu origem a toda a descoberta do esquema criminoso. A Polícia Federal continua trabalhando para desmantelar completamente a organização e responsabilizar todos os envolvidos.
As investigações prosseguem sob supervisão do Supremo Tribunal Federal, com o objetivo de esclarecer integralmente os crimes e garantir que a justiça seja feita em todos os níveis da organização criminosa.