A Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira, 8, a Operação Underhand contra organização criminosa suspeita de desviar recursos públicos por meio de fraudes em processos licitatórios no Ceará. O principal alvo da investigação é o deputado federal Junior Mano (PSB-CE), que teve gabinete, residência oficial e casa particular alvos de busca e apreensão.
O deputado nega qualquer participação. Em nota, a assessoria de imprensa de sue gabinete afirmou que “o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos” (leia a íntegra da nota no final deste post) .
Os agentes cumpriram 15 mandados de busca e apreensão em cinco cidades cearenses – Fortaleza, Nova Russas, Eusébio, Canindé e Baixio – além de Brasília. O Supremo Tribunal Federal expediu os mandados após indícios de participação direta do parlamentar no esquema criminoso. A operação também determinou bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas.
Segundo a investigação, o grupo articulava direcionamento de verbas públicas a determinadas cidades cearenses mediante contrapartidas financeiras ilícitas. Os recursos desviados alimentavam campanhas eleitorais do grupo político em 2024, configurando um sistema de caixa dois para financiamento eleitoral irregular.
Denúncia da Ex-Prefeita Inicia Investigação
A investigação teve início na Superintendência da Polícia Federal no Ceará após denúncia da ex-prefeita de Canindé, Rozário Ximenes (Republicanos). Ela relatou que o esquema de desvio de emendas parlamentares teria se alastrado por pelo menos 51 municípios cearenses.
Carlos Alberto Queiroz Pereira, conhecido como Bebeto do Choró (PSB), foi identificado como principal operador dos desvios. Atualmente foragido, ele seria responsável por abordar gestores públicos e oferecer emendas do deputado Junior Mano em troca de comissões ilegais.
O caso foi transferido para o Supremo Tribunal Federal após a PF identificar indícios de participação direta do deputado federal. No documento que solicitou a transferência, os investigadores apontaram “envolvimento direto” do parlamentar nos desvios para “alimentar o esquema e consolidar sua base de apoio político”.
Contratos Fraudulentos Financiavam Campanhas
Os contratos fraudulentos serviam para gerar recursos de caixa dois destinados ao custeio de campanhas eleitorais do grupo político no Ceará em 2024. O esquema envolvia influência sobre procedimentos licitatórios por meio de empresas vinculadas à organização criminosa investigada.
A Polícia Federal identificou um sistema complexo de direcionamento de verbas públicas que beneficiava determinadas cidades cearenses. Em contrapartida, os gestores municipais repassavam parte dos recursos como comissão ilegal para o grupo político.
Os investigadores apontam que as emendas parlamentares eram utilizadas como moeda de troca para garantir apoio político e financiamento irregular de campanhas eleitorais. O esquema representava grave violação dos princípios da administração pública e do processo eleitoral democrático.
Crimes Investigados Incluem Organização Criminosa
As condutas investigadas pela Polícia Federal envolvem quatro tipos penais: organização criminosa, captação ilícita de sufrágio, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica com fim eleitoral. A combinação desses crimes demonstra a complexidade e gravidade do esquema investigado.
A operação representa importante avanço no combate à corrupção envolvendo recursos públicos e processo eleitoral. O bloqueio de R$ 54,6 milhões em contas bancárias visa impedir a dissipação dos valores desviados dos cofres públicos.
O deputado Junior Mano ainda não se manifestou sobre as acusações. A investigação prossegue sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, que determinará os próximos passos do processo criminal contra os envolvidos no esquema.
Leia a nota distribuída por Junior Mano
Nota à Imprensa
O deputado Júnior Mano não tem qualquer participação em processos licitatórios, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
Como parlamentar, o deputado não exerce qualquer função executiva ou administrativa em prefeituras, não participa de comissões de licitação, ordenação de despesas ou fiscalização de contratos administrativos.
O parlamentar reafirma sua confiança nas instituições, em especial no Poder Judiciário e na Polícia Judiciária Federal, e reitera seu compromisso com a legalidade, a transparência e o exercício probo da função pública.
Tem plena convicção de que, ao final da apuração, a verdade dos fatos prevalecerá, com o completo esclarecimento das circunstâncias e o reconhecimento de sua correção de conduta.
Assessoria de imprensa
Deputado Federal Júnior Mano