A Polícia Federal indiciou o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) por quatro crimes relacionados ao suposto uso indevido da cota parlamentar. O inquérito aponta a existência de uma associação criminosa que teria utilizado documentos falsos para desviar recursos públicos. Gayer nega as acusações e ironizou o indiciamento em vídeo divulgado à imprensa.
A investigação, conduzida no âmbito da operação “Discalculia”, foi iniciada em outubro de 2024 e teve como base suspeitas de falsificação de documentos e desvio de verba pública. O relatório final da PF foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por julgar parlamentares com foro privilegiado.
Indiciamento envolve quatro crimes e gabinete do deputado
Gustavo Gayer foi indiciado por associação criminosa, falsidade ideológica, falsificação de documento particular e peculato. A PF sustenta que o deputado teria utilizado documentos forjados para registrar uma Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), com o objetivo de direcionar recursos da cota parlamentar para a entidade.
A investigação revelou ainda que o quadro social da Oscip era composto por nomes falsos, inclusive de crianças com idades entre um e nove anos. A ata de fundação da organização também teria sido fraudada com uma data retroativa ao ano de 2003, o que motivou o nome da operação: “Discalculia”, em referência ao transtorno de aprendizagem ligado à dificuldade com números.
Operação apreendeu R$ 70 mil com assessor de Gayer
Durante a operação, a PF cumpriu 19 mandados de busca e apreensão em cinco cidades: Brasília, Goiânia, Aparecida de Goiânia, Valparaíso de Goiás e Cidade Ocidental. Em uma dessas ações, foi apreendida a quantia de R$ 70 mil em espécie com um assessor do deputado.
O foco das buscas foi o gabinete do parlamentar em Goiânia, onde, segundo a investigação, funcionariam de forma paralela uma escola de inglês e uma loja de roupas online. As duas estruturas estariam sendo mantidas de maneira irregular com recursos públicos destinados ao exercício do mandato.
Gayer nega irregularidades e ironiza investigação
Em vídeo divulgado à imprensa, Gayer reagiu com ironia ao indiciamento. “A casa caiu”, afirmou, em tom de deboche. Segundo o deputado, a operação trata como crime o funcionamento de uma escola de inglês, que teria sido aberta por ele em 2013 e encerrada em 2020, devido à pandemia. De acordo com o parlamentar, o espaço foi transformado em local de gravação de aulas online para professores.
Gayer também declarou que a suposta loja de roupas mencionada no inquérito nunca chegou a operar comercialmente. Ele criticou o envolvimento de familiares na investigação, mencionando que até seu filho teria sido incluído no processo.
O que é a cota parlamentar
A cota parlamentar, também conhecida como verba indenizatória, é um recurso mensal disponibilizado aos deputados federais para cobrir despesas vinculadas à atividade parlamentar. A verba pode ser utilizada para passagens aéreas, aluguel de veículos, combustível, alimentação, entre outros serviços relacionados ao mandato. O uso indevido desse recurso é passível de punição administrativa e penal.



