O Partido Liberal (PL) anunciou nesta quinta-feira (27) a suspensão do salário e das atividades partidárias do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão ocorre dias após a prisão do ex-mandatário, que está detido na sede da Polícia Federal em Brasília, em cela especial. Com isso, Bolsonaro deixa de receber o salário de R$ 42 mil que vinha recebendo como presidente de honra do partido desde 2023.
Partido alega perda de direitos políticos
A justificativa apresentada pela direção do PL menciona a condenação de Bolsonaro por envolvimento na tentativa de golpe e a consequente suspensão de seus direitos políticos. O partido também citou a Lei dos Partidos Políticos, que determina a perda de vínculo partidário em casos de perda dos direitos políticos de seus filiados.
Bolsonaro foi preso após decisão judicial que converteu medidas cautelares anteriores em prisão preventiva, dentro do processo que investiga articulações para tentar reverter o resultado das eleições de 2022. Ele é apontado como um dos líderes da tentativa de ruptura institucional, e sua prisão foi decretada com base na gravidade das ações atribuídas a ele.
Salário de R$ 42 mil e cargo simbólico
Desde que deixou a Presidência da República, Jair Bolsonaro ocupava o cargo de presidente de honra do PL, uma função simbólica criada pelo partido para manter o ex-presidente em evidência e integrá-lo às estratégias eleitorais. Pelo cargo, Bolsonaro recebia R$ 42 mil mensais, valor que agora está suspenso.
Com a nova decisão, ele também está afastado das atividades internas do partido, o que na prática o impede de participar de reuniões, eventos e articulações políticas organizadas pela legenda.
A medida foi comunicada de forma sucinta e sem maiores declarações públicas por parte da cúpula partidária. Nos bastidores, o movimento é interpretado como um sinal de distanciamento político diante do desgaste causado pela prisão de Bolsonaro e das incertezas jurídicas que envolvem seu futuro.
Partido busca preservar imagem e viabilidade eleitoral
Apesar de ainda contar com grande apoio de sua base, o nome de Bolsonaro tem se tornado um ponto sensível dentro do PL. A legenda, que é atualmente uma das maiores bancadas no Congresso Nacional, tenta preservar sua viabilidade institucional e eleitoral para 2026, evitando associações diretas com investigações criminais que possam respingar sobre seus quadros parlamentares.
A decisão de suspender Bolsonaro também ocorre em um momento em que o partido está voltado para negociações sobre possíveis candidaturas majoritárias em vários estados e na disputa presidencial. A indefinição sobre a elegibilidade do ex-presidente amplia a pressão por alternativas dentro do campo da direita.



