A descoberta de um plano traçado por militares e um policial federal para impedir a posse do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, culminando com o assassinato dos dois e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, teve grande repercussão no meio político.
O presidente do Senado e do Congresso Nacional, Rodrigo Pacheco, considerou “extremamente preocupantes as suspeitas que pesam sobre esses militares e o policial federal, alvos de operação da Polícia Federal, na manhã desta terça-feira”.
Por meio de nota, Pacheco afirmou que “não há espaço no Brasil para ações que atentam contra o regime democrático, e menos ainda, para quem planeja tirar a vida de quem quer que seja. Que a investigação alcance todos os envolvidos para que sejam julgados sob o rigor da lei”.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também repudiou o plano golpista. Ele informou que os suspeitos chegaram muito próximos de concluir os crimes e que o inquérito deve ser finalizado nas próximas semanas.
“Os fatos são gravíssimos, absolutamente inaceitáveis e colocam em risco não apenas as instituições republicanas, mas também a vida dos brasileiros”, destacou.
Lewandowski disse também que conversou com o presidente Lula sobre a operação da PF nesta manhã. Segundo o ministro, o presidente demonstrou surpresa com a dimensão do golpe, principalmente porque não imaginava que era um dos principais alvos.
O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou, por meio das redes sociais, que “os crimes do 8 de janeiro, o grave atentado semana passada e, agora, a revelação do plano vil de golpe e assassinato do presidente Lula, do vice-presidente Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, todos fazem parte do estímulo de uma corrente da extrema direita à violência e aos ataques à democracia. Não vamos titubear em apurar e punir seus autores. Sem anistia!”
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), afirmou, também por meio das redes sociais, que “O fascismo e a delinquência serão combatidos com a Lei e a Constituição. O antídoto ao ódio é o Estado Democrático. Sem anistia!”, afirmou.
O advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que “a operação da PF de hoje trouxe revelações estarrecedoras. O competente trabalho da nossa polícia judiciária coloca no centro da cena golpista o entorno mais próximo do ex-mandatário. O 8 de janeiro, como já disse, não foi um passeio dominical. Foi resultado de uma ação meticulosamente planejada por quem odeia a democracia e buscou dar um golpe contra o Estado de direito. Vou repetir Ulisses Guimarães: “Temos ódio e nojo à ditadura.” Não passarão”.
Já parlamentares da oposição tentaram minimizar o fato, afirmando que os militares são alvos de perseguição. De acordo com as investigaçõe da Polícia Federal, as ações ilícitas envolveram militares com formação em Forças Especiais do Exército, os chamados “kids pretos”, incluindo a participação de um general de Brigada da reserva.
O senador Flavio Bolsonaro (PL-RJ) ironiou a operação da Polícia Federal.
“Quer dizer que, segundo a imprensa, um grupo de 5 pessoas tinha um plano pra matar autoridades e, na sequência, eles criariam um ‘gabinete de crise’ integrado por eles mesmos para dar ordens ao Brasil e todos cumpririam??? Por mais que seja repugnante pensar em matar alguém, isso não é crime. E para haver uma tentativa é preciso que sua execução seja interrompida por alguma situação alheia à vontade dos agentes. O que não parece ter ocorrido, afirmou.
Ele destacou ser autor do projeto de lei 2109/2023, que criminaliza ato preparatório de crime que implique lesão ou morte de três ou mais pessoas, “pois hoje isso simplesmente não é crime. Decisões judiciais sem amparo legal são repugnantes e antidemocráticas.”
Bia Kicis (PL-DF), líder da minoria na Câmara dos Deputados, também usou a ironia para comentar a operação da PF.
“Como ensinava o professor @opropriolavo , “ou vocês prendem os comunistas pelos crimes que eles cometeram ou eles o prenderão pelos crimes que vocês não cometeram.”