Por Hylda Cavalcanti
Depois de ter ficado quase 24 horas sumido, sem se pronunciar de forma alguma e sem nem o governador, representantes diversos do Governo do Distrito Federal e tampouco a assessoria do Banco de Brasília (BRB) informarem o motivo de ele estar fora do país, o presidente afastado do banco, Paulo Henrique Costa, finalmente decidiu se manifestar.
Isto na noite desta terça-feira (18/11) depois de juristas, parlamentares, advogados e integrantes do Executivo do DF especularem sobre sua ida supostamente inesperada para os Estados Unidos e o fato de sua ausência de todas as formas públicas ter sido interpretada como praticamente uma confissão de culpa.
Mandados de busca e apreeensão
Costa, que foi afastado por medida judicial do cargo por um período de 60 dias, teve bens bloqueados dele e de seus familiares e suas residências foram alvo de busca e apreensão de veículos, dinheiro guardado em casa e jóias está envolvido nas investigações da Operação Compliance Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF).
Na nota que divulgou, ele afirmou que, no caso das operações envolvendo carteiras adquiridas pelo Banco Master, o BRB identificou, ainda no primeiro quadrimestre, divergências documentais em parte dos contratos. E que, após a detecção das inconsistências, o banco comunicou o fato ao Banco Central do Brasil e promoveu, em sua maioria, a substituição das carteiras.
‘Reforço do controles’
O presidente afastado do BRB também destacou que foram adotadas medidas de reforço de controles, ajustes de processos e revisão documental, “com o objetivo de mitigar riscos e preservar a integridade da instituição”. E reiterou sua disposição em colaborar integralmente com as autoridades, acrescentando confiar que a apuração trará os devidos esclarecimentos.
“Defendo que toda investigação conduzida pelos órgãos competentes é legítima, necessária e positiva para o fortalecimento das instituições, além de essencial para assegurar transparência no sistema financeiro”, enfatizou ainda, no documento.
Sem justificativas
Em nenhum momento, Paulo Henrique Costa disse quando retorna ao país, ou justificou os motivos pelos quais viajou aos Estados Unidos na véspera da deflagração da operação — que levou à prisão de várias pessoas — nem contou qual o motivo da sua viagem.
Como não foi decretada a sua prisão, ele continua com situação legal naquele país, mas assim que chegar ao Brasil, além de já estar afastado do cargo, poderá vir a cumprir outras medidas cautelares a serem decididas pela Justiça Federal, conforme assegurou um magistrado do Distrito Federal que atua no caso.
Operação Compliance Zero
A Operação Compliance Zero, da Polícia Federal, que investiga esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos envolvendo o Banco Master. O BRB tem negócios com o Master e chegou a anunciar a aquisição da instituição, em março de 2025, mas a operação foi barrada pelo Banco Central.
A PF cumpre vários mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva. Foram presos o dono do Master, Daniel Vorcaro, o ex-sócio Augusto Lima e o tesoureiro, Alberto Félix. E foram determinados os afastamentos de Paulo Henrique Costa, e do diretor-financeiro do banco, Dario Oswaldo Garcia Júnior. A operação foi deflagrada um dia após o Master anunciar venda para a Fictor e investidores internacionais.



