Capitólio, sede do congresso americano

Senado dos EUA considera ilegal tarifa de Trump contra produtos do Brasil

Há 16 segundos
Atualizado quarta-feira, 29 de outubro de 2025

Por 52 votos a 48, o Senado dos Estados Unidos decidiu nesta terça-feira (28) derrubar a emergência econômica nacional decretada por Donald Trump, usada como justificativa para impor uma tarifa de 40% sobre centenas de produtos brasileiros desde agosto. A medida é considerada por senadores como um abuso de poder presidencial.

A resolução, no entanto, ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Representantes para efetivamente suspender as tarifas. Como a liderança republicana da Casa bloqueia votações contrárias às tarifas de Trump, a sobretaxa — que chega a 50% ao se somar aos 10% das “tarifas recíprocas” — deve continuar em vigor por ora.

Senado questiona justificativa política

A decisão do Senado representa uma derrota política significativa para Trump, mesmo com a maioria republicana na Casa. Cinco senadores do próprio partido — Rand Paul, Thom Tillis, Lisa Murkowski, Susan Collins e Mitch McConnell — votaram com a oposição, criticando a justificativa dada pelo presidente para impor as tarifas ao Brasil.

Trump alegou que o Brasil promovia uma “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e prejudicava a liberdade de expressão de big techs americanas por decisões do STF. A motivação foi considerada “ridícula” pelo líder democrata Chuck Schumer.

Impacto nas exportações brasileiras e inflação nos EUA

As sobretaxas atingem cerca de 60% das exportações brasileiras aos EUA, incluindo commodities como café e carne bovina. O senador Tim Kaine (Democrata da Virgínia), um dos autores da resolução, lembrou que essas tarifas estão encarecendo produtos essenciais para os americanos.

“As pessoas estão sofrendo. Não deveríamos pagar mais pelo café da manhã ou pelo hambúrguer”, afirmou Kaine. O aumento nos preços levou o governo a importar carne da Argentina, provocando críticas dentro do próprio partido de Trump.

Rand Paul critica omissão de colegas

O republicano Rand Paul destacou que pelo menos dez estados agrícolas estão sendo prejudicados pela política tarifária. “Eles têm medo de Trump. Estão com medo de que ele os ataque como faz comigo. Que pena”, disse Paul, defensor histórico do livre mercado.

Segundo Paul, a guerra comercial com a China afastou compradores de soja americana, que agora negociam com Brasil e Argentina. Para ele, há pelo menos 20 senadores republicanos que deveriam questionar abertamente as tarifas.

Câmara trava avanços contra tarifa

Apesar do apoio bipartidário no Senado, a Câmara dos Representantes tem impedido votações sobre o tema. Mudanças no regimento interno feitas pela liderança republicana barram resoluções contrárias às tarifas de Trump antes mesmo que sejam pautadas.

Essa mesma estratégia foi usada em abril para impedir a votação de medida semelhante que derrubaria tarifas sobre produtos canadenses, também aprovada no Senado.

Brasil e EUA tentam retomar normalidade

A decisão ocorre em meio às primeiras negociações formais entre Brasil e Estados Unidos para tentar normalizar a relação comercial. A crise tarifária instaurada por Trump em agosto é considerada a mais grave dos 200 anos de relações diplomáticas entre os países.

O senador Thom Tillis, que recebeu senadores brasileiros em julho, afirmou que não via justificativa válida para o tarifaço. “Temos superávit comercial com o Brasil”, disse. Ele também declarou preocupação com o impacto das tarifas para consumidores americanos e para a relação bilateral.

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