Ex-presidente passou por novo bloqueio do nervo frênico e segue internado com quadro estável. Alta hospitalar deve ocorrer apenas em 2026.
A equipe médica responsável pelo ex-presidente Jair Bolsonaro concluiu, nesta segunda-feira (29), o novo procedimento cirúrgico ao qual ele foi submetido para tratar crises persistentes de soluço. A intervenção, realizada no hospital DF Star, em Brasília, consistiu em um bloqueio anestésico do nervo frênico no lado esquerdo do corpo.
A expectativa, segundo os médicos, é que Bolsonaro permaneça internado pelo menos até o dia 1º de janeiro de 2026, se não houver novas intercorrências. A internação ocorre enquanto ele cumpre pena em regime fechado, autorizada por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após laudo médico indicar a necessidade de tratamento hospitalar.
Procedimento foi complementar à cirurgia da hérnia
A internação começou na última quarta-feira (24), após o ex-presidente apresentar sintomas relacionados a uma hérnia inguinal bilateral, que foi corrigida na quinta-feira. Desde então, ele foi submetido a três procedimentos, dois deles para tratar as crises de soluço — uma no sábado (27), no lado direito, e a segunda nesta segunda-feira, no lado esquerdo.
A intervenção visa interromper temporariamente os impulsos nervosos que chegam ao diafragma, músculo responsável pela respiração, reduzindo as contrações involuntárias que causam o soluço. O método é considerado seguro, mas requer monitoramento pós-operatório rigoroso.
Quadro inclui apneia severa e crise de hipertensão
De acordo com os médicos, Bolsonaro apresentou complicações associadas à apneia do sono. Exame de polissonografia feito durante a internação detectou até 50 episódios de apneia por hora, o que configura um quadro severo.
Além disso, o ex-presidente teve crises de hipertensão arterial, segundo informou o cardiologista Brasil Caiado. Um pico de pressão foi registrado no sábado, o que levou ao ajuste da medicação. Após o procedimento desta segunda, uma nova crise hipertensiva obrigou a administração de remédios intravenosos.
Ainda assim, os médicos afirmam que Bolsonaro mantém quadro estável. O cirurgião Cláudio Birolini confirmou que o ex-presidente deve permanecer internado até o dia 1º, “caso não haja novos problemas”.
Crises de soluço têm origem em facada de 2018
Os episódios de soluço enfrentados por Bolsonaro têm origem em complicações decorrentes da facada sofrida em 2018, durante a campanha presidencial. A lesão causou alterações permanentes no trato gastrointestinal e contribuiu para quadros recorrentes de refluxo, inflamação e soluços de difícil controle.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou as redes sociais para informar o início e o término do procedimento, pedindo orações e agradecendo à equipe médica.
O bloqueio do nervo frênico é um procedimento indicado somente em casos de soluço refratário, quando os medicamentos convencionais não surtem efeito. Ele pode ser realizado de forma unilateral ou bilateral, como ocorreu com Bolsonaro.
Além do bloqueio, a equipe médica planeja realizar uma endoscopia digestiva alta nos próximos dias, como parte da avaliação final do tratamento.


