Por Carolina Villela
O advogado de Marcelo Câmara, ex-assessor da Ajudância de Ordens de Jair Bolsonaro, Eduardo Kuntz, afirmou nesta quarta-feira (13) que a acareação realizada pela manhã com o coronel Mauro Cid foi decisiva para esclarecer pontos do processo e reforçar a expectativa de absolvição. Segundo ele, o ato serviu para corrigir interpretações equivocadas no relatório da Polícia Federal e na denúncia apresentada pelo Ministério Público.
Um dos temas centrais foi a suposta manipulação de uma minuta atribuída a Marcelo Câmara. Kuntz destacou que Mauro Cid foi categórico ao afirmar que o ex-assessor nunca teve acesso nem manipulou o documento. Para a defesa, essa declaração enfraquece um dos principais pontos da acusação.
O defensor ressaltou que o objetivo da acareação não era confrontar Cid, mas esclarecer pontos mal colocados nos autos. “Não tinha nenhuma intenção de dizer que o coronel Cid estava mentindo”, disse.
“Monitoramento” era ajuste de agendas
Outro ponto considerado essencial foi a revisão do termo “monitoramento” utilizado na investigação. De acordo com a Kuntz, Cid esclareceu que não havia vigilância contínua ou organizada. O que existia, segundo ele, eram apenas ajustes pontuais para marcar encontros entre autoridades, como reuniões do então presidente Michel Temer com ministros.
“Era uma expressão colocada de forma indevida. Não era um monitoramento controlado com equipamentos ou estrutura, mas apontamentos episódicos”, reforçou o advogado. Ele disse que o depoimento afastou qualquer interpretação de que houvesse intenção de atacar autoridades como o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Lula ou o vice-presidente Geraldo Alckmin.
Expectativa de impacto na sentença
O advogado afirmou esperar que as diferenças entre o depoimento de Cid e as conclusões da Polícia Federal e da PGR sejam corrigidas na sentença. “A gente sai satisfeito com esses esclarecimentos, que certamente vão contribuir para a absolvição do coronel”, declarou.
Segundo ele, a audiência foi breve, com duração de cerca de 30 minutos.
Defesa reforça pedido de liberdade
Durante a acareação, a defesa reiterou o pedido de liberdade provisória para Marcelo Câmara. O ministro Alexandre de Moraes abriu prazo para que a Procuradoria-Geral da República se manifeste.
O Eduardo Kuntz disse esperar que seu cliente possa deixar a prisão antes da sentença, ainda que com tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares. “Espero que ele possa voltar para casa aguardando a sentença absolutória”, afirmou.
Ele também confirmou que houve um incidente entre um advogado e alguns acusados durante a audiência, mas preferiu não detalhar. “Vou preservar isso. Não foi gravado e vai constar da ata, que será disponibilizada em breve”, concluiu.