Durante o julgamento de seis recursos apresentados por ex-executivos do Grupo Odebrecht que questionam o momento em que deve ser aplicada a perda dos bens e valores relacionados à prática de crimes investigados na Operação Lava Jato, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, voltou a criticar a Lava Jato, nesta quarta-feira (23/04), e principalmente os acordos de delação premiada da Lava Jato.
“É uma quadra muito obscura da nossa história tudo isso que se passou com a Lava Jato”, disse.
Para o decano do STF, os desdobramentos da operação são constrangedores. “É extremamente constrangedor que pessoas que foram colegas nossos, como juízes, como procuradores, se metessem nessa grande balbúrdia, nessa grande confusão (..) Traz uma luz ruim sobre a advocacia brasileira”.
O ministro disse que as trocas de mensagens, reveladas pela operação Spoofing, mostram um esquema que envergonha o país.
“Eu não gostaria mais de voltar a esse assunto. Esse é um caso que envergonha, que envergonha o país”(…) “É muito embaraçoso que isso tenha ocorrido e que essas pessoas continuem aí, ainda”, disse Mendes.
“O que vocês ensinaram a Dallagnol?”
Mendes também afirmou que, durante uma palestra em Harvard, questionou o que foi ensinado a Deltan Dallagnol, um dos procuradores da operação.
“Não sei o que vcs ensinaram ao Dallagnol, mas essa vontade dele de ganhar dinheiro era uma coisa incrível”.
Ao encerrar a sessão, o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, afirmou que, apesar dos apontamentos, não se pode ignorar o esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.
“Nenhum de nós apoia nada errado, mas corrupção grossa houve, houve. Portanto, também não devemos fechar os olhos a isso”, ressaltou Barroso.
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