A Justiça de São Paulo aceitou nesta terça-feira (22) a denúncia do Ministério Público paulista contra o presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, ex-dirigentes do clube e um empresário. Os acusados tornaram-se réus pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e furto relacionados ao contrato de patrocínio com a casa de apostas VaideBet, firmado no início de 2024.
O MP-SP solicita que os denunciados paguem R$ 40 milhões de indenização ao clube do Parque São Jorge. O órgão também pediu o bloqueio de bens das pessoas físicas e jurídicas envolvidas na investigação sobre supostas irregularidades no acordo de R$ 370 milhões por três anos.
Esquema envolveu comissões irregulares
Segundo o Ministério Público, houve irregularidades no pagamento de comissões durante o fechamento do contrato de patrocínio. Os promotores sustentam que “estão muito claros os caminhos tortuosos e ilegais que o dinheiro percorreu a partir do momento em que saiu dos cofres corintianos”, conforme consta na denúncia apresentada.
A investigação aponta questionamentos sobre comissão paga à empresa Rede Social Media Design, de propriedade de Alex Cassundé, que também se tornou réu. A Polícia Civil concluiu em seu inquérito que Cassundé “não foi o intermediário” no negócio, conforme relatório da investigação.
Ainda segundo a polícia, a inserção do empresário configurou “ardilosa simulação para, inequivocadamente, possibilitar que recursos financeiros do clube fossem ilegalmente desviados”, de acordo com o documento oficial. Após o indiciamento policial, o Ministério Público decidiu levar o caso adiante com a denúncia aceita pela Justiça.
Va ide Bet rescinde e Augusto enfrenta crise
A VaideBet anunciou em junho do ano passado a rescisão unilateral do contrato com o Corinthians, alegando prejuízos à sua imagem corporativa. O rompimento gerou pressões políticas internas contra Augusto Melo, que acabou sendo afastado da presidência em maio deste ano.
O afastamento ocorreu em votação realizada pelo Conselho Deliberativo do clube. Uma assembleia geral de sócios está marcada para 9 de agosto no Parque São Jorge, quando os associados decidirão sobre o destino definitivo do dirigente.
Os sócios poderão optar pelo afastamento definitivo, com eleições indiretas para completar o mandato até 2026, ou pelo retorno de Augusto Melo ao cargo. A decisão definirá os rumos da gestão corintiana nos próximos anos.
Defesa nega acusações e questiona competência
A defesa de Augusto Melo sustenta que ele “não possui qualquer envolvimento com eventuais irregularidades ligadas ao caso”, conforme declaração oficial dos advogados. O time jurídico tem negado sistematicamente todas as acusações desde o início do inquérito sobre o contrato VaideBet.
Os defensores afirmam que o presidente é “vítima de um processo ilegal e repleto de nulidades e abusos”, segundo nota divulgada após a aceitação da denúncia. A defesa questiona ainda a competência da Polícia Civil e do MP-SP, argumentando que o caso deveria tramitar na esfera federal por envolver contrato internacional.
A equipe jurídica pretende impetrar habeas corpus para “fulminar esse processo kafkiano e ilegal”, conforme declaração à imprensa. Augusto Melo solicitou o fim do sigilo para permitir acesso da torcida aos documentos da ação, demonstrando confiança na transparência do processo.
Com o recebimento da denúncia, o processo seguirá com audiências, depoimentos e produção de provas para posterior decisão judicial. A defesa mantém investigação própria para comprovar a inocência do dirigente eleito democraticamente pelos sócios corintianos.