Da redação
A Quarta Seção do Tribunal de Roma decidiu que a deputada federal brasileira Carla Zambelli (PL-SP) permanecerá na prisão de Rebibbia, em Roma, enquanto aguarda o resultado do processo de extradição solicitado pelo governo brasileiro. A decisão foi tomada após a prisão da parlamentar em 29 de julho de 2025, em operação coordenada entre a Polícia Federal brasileira, autoridades italianas e a Interpol.
O Tribunal de Apelação de Roma confirmou que Zambelli aguardará em regime de detenção o desfecho do pedido de extradição apresentado pelo Brasil. O pedido foi formalizado em junho pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a prisão definitiva da deputada e a perda de seu mandato.
Advogado apresenta pedido de libertação
O advogado de Carla Zambelli, Fábio Pagnozzi, apresentou um pedido de libertação que será avaliado pelas autoridades judiciais italianas em meados de agosto. A defesa alega que a deputada se apresentou espontaneamente às autoridades italianas para colaborar com as investigações e busca evitar a extradição.
Pagnozzi argumenta que sua cliente sempre esteve à disposição para esclarecimentos e que isso demonstraria a “inexistência da necessidade de um processo de extradição”. No entanto, as autoridades italianas chegaram até Zambelli através de uma denúncia do deputado italiano Angelo Bonelli, que forneceu o endereço exato onde ela estava hospedada em Roma.
Condenação e fuga do Brasil
Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão por invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), episódio ocorrido em 2023. Segundo as investigações, ela foi a autora intelectual da invasão que tinha como objetivo emitir um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes.
A deputada deixou o Brasil em 3 de junho de 2025, inicialmente alegando motivos médicos. Ela passou pelos Estados Unidos antes de chegar à Itália em 5 de junho, usando seu passaporte italiano devido à dupla cidadania.
Processo de extradição em andamento
O Brasil e a Itália assinaram um Tratado de Extradição em 1989. Segundo o artigo 6 da norma, ter a cidadania italiana não impede necessariamente a entrega da deputada ao Brasil. A Justiça italiana tem até 90 dias para decidir sobre o pedido de extradição, podendo prorrogar o prazo em casos complexos.
O caso tem precedente histórico: em 2015, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão, também fugiu para a Itália mas foi extraditado para o Brasil.
Garantias oferecidas pelo Brasil
No pedido de extradição, o ministro Alexandre de Moraes ofereceu garantias de que o Brasil não submeterá Zambelli a prisão ou processo por fato anterior ao pedido; não imporá pena perpétua; não agravará a pena por motivos políticos e não submeterá a parlamentar a tortura ou tratamentos desumanos ou degradantes.
A situação de Zambelli continua sendo acompanhada de perto pelas autoridades brasileiras e italianas, enquanto se aguarda a decisão final sobre sua extradição e a avaliação do pedido de libertação em agosto.