A Justiça Militar de São Paulo condenou nesta segunda-feira (16) 11 policiais militares acusados de prestar segurança privada ilegal ao empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, um dos principais delatores do Primeiro Comando da Capital (PCC), executado a tiros em novembro de 2024. O julgamento envolve ainda denúncias de organização criminosa e falsidade ideológica.
Dos 15 militares denunciados pelo Ministério Público Estadual, 11 foram condenados, e quatro acabaram absolvidos. Os policiais punidos poderão cumprir a pena em regime semiaberto, pois nenhuma das sentenças ultrapassa quatro anos de reclusão, além de o grupo já estar preso preventivamente há quase um ano.
PMs faziam “bico” proibido por regimento
O caso tem como base a descoberta de que os militares atuavam como seguranças particulares de Gritzbach, contrariando normas internas da corporação. O regimento da Polícia Militar proíbe expressamente a prestação de serviços de segurança privada por agentes da ativa.
A atuação ilegal dos policiais foi enquadrada como falsidade ideológica e participação em organização criminosa. Eles seriam responsáveis por escoltar e proteger Gritzbach, que vivia sob ameaça após colaborar com a Justiça em processos contra membros do PCC.
Por enquanto, os nomes dos condenados não foram divulgados pela Justiça Militar. A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos policiais, mas o espaço segue aberto para manifestações.
Empresário foi executado em novembro de 2024
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi assassinado em 8 de novembro de 2024, ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo. Ele foi surpreendido por homens armados e morreu no local.
Na ocasião, Gritzbach era considerado um dos mais relevantes delatores do PCC. Sua colaboração ajudou a revelar conexões entre o crime organizado e integrantes das forças de segurança. As investigações sobre o assassinato dele também desvendaram a participação de outros agentes públicos no esquema criminoso.
Em setembro deste ano, um policial civil foi condenado a 11 anos de prisão por envolvimento com a facção, com base em delações feitas pelo próprio Gritzbach. A sentença reforçou a gravidade da infiltração do crime organizado nas estruturas do Estado.
Julgamentos seguem em 2026
Três outros policiais militares, suspeitos de envolvimento direto no assassinato do empresário, continuam presos e devem ser julgados em junho de 2026. Já o suposto mandante da execução segue foragido. Ele desapareceu após o crime e, até o momento, não foi localizado pelas autoridades.
O caso expôs a fragilidade dos mecanismos de controle dentro das corporações policiais e reacendeu o debate sobre a necessidade de reformar os sistemas de inteligência e corregedoria. A morte do delator também levantou questionamentos sobre a eficácia da proteção a testemunhas em casos que envolvem o crime organizado.