Por Hylda Cavalcanti e Carolina Villela
Correrias, expectativa com o início do julgamento, declarações irônicas por parte de integrantes de partidos aliados do Governo, declarações irritadas por parte dos aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e menções à articulação que está sendo feita no Congresso para tentar votar projeto sobre anistia. Este é o clima de chegada das pessoas ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (09/09).
Está prevista para hoje a apresentação do primeiro voto do relator, o ministro Alexandre de Moraes, e, caso haja tempo, também o voto do ministro Flávio Dino ainda no período da manhã.
Desta vez, os primeiros a chegar em carros oficiais foram políticos e parlamentares, além de juristas, advogados e estudantes de Direito interessados em acompanhar a sessão, sobretudo os da Universidade de Brasília (UnB) e do Instituto de Direito Público (IDP).




Réus não devem comparecer
Um dos advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, Paulo Bueno, afirmou que Bolsonaro, a exemplo da última semana, também não acompanhará presencialmente as sessões desta semana. Segundo ele, a expectativa a partir de conversas mantidas com equipes de outros acusados é de que nenhum dos réus apareça no STF até o final do julgamento.
Bueno disse que Bolsonaro continua com problemas de saúde e que, mesmo que desejasse comparecer ao Tribunal, enfrentaria problemas físicos, pois vem apresentando “limitações” em função do seu quadro de saúde, o que levou os médicos a pedirem para ele fazer nova intervenção cirúrgica no próximo domingo (14/09).
Sobre o julgamento em si, Bueno disse esperar que a ação penal seja julgada “à luz estritamente de elementos jurídicos”.
“Teatro armado”
O líder da oposição, Luciano Zucco (PL-RS), foi o mais irritado ao chegar. “O teatro está armado” , disse ele, ao afirmar que “Bolsonaro já está condenado”. O parlamentar, entretanto, afirmou ter confiança que a situação será revertida a partir da próxima semana. Acrescentou que o Congresso Nacional “aprovará” o projeto de lei sobre anistia que tanto tem sido pleiteado por oposicionistas.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), da base do Governo, que tem acompanhado todas as sessões do julgamento, falou logo depois de Zucco e ressaltou que a proposta de anistia não vai passar. “É um escândalo e não acredito que seja aprovada na Câmara. É uma radicalização idiota”, frisou.
Jandira e outros parlamentares governistas, como o deputado Ivan Valente (PSol-SP), tentaram fazer selfies na sala da sessão do julgamento, mas foram repreendidos pela segurança do STF.




“Sentimento de injustiça”
Dentro da sala da 1ª Turma, o advogado Henrique Nascimento de Freitas, um dos integrantes da defesa de Jair Bolsonaro, disse que o ex-presidente está abalado e muito silencioso. “Ele tem um sentimento de injustiça muito forte em relação a tudo o que está acontecendo”, acentuou.
Perguntado sobre os pedidos dos advogados de defesa de vários dos réus para que sejam considerados nulos trechos da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, Freitas não quis dar detalhes, mas reiterou que a defesa dos réus vê muitas falhas na delação,.
Segundo ele, vários dos pontos apresentados não foram analisados até hoje. “Nosso desejo é que os votos dos ministros sejam proferidos à luz da razão e levando em conta o ordenamento jurídico do país. É isso o que queremos”, concluiu.



