Minério de ferro salva Vale e petróleo afunda a Petrobras

Há 2 horas
Atualizado segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Da Redação

Enquanto a Petrobras enfrentou o peso da queda acentuada do petróleo no mercado internacional, a Vale conseguiu surfar na relativa estabilidade do minério de ferro. Em 2025, as duas maiores empresas da bolsa brasileira mostraram desempenhos bem distintos, com a mineradora levando vantagem sobre a petroleira estatal.

Desempenho das ações revela realidades opostas

A Vale apresentou alta de 7,7% no acumulado do ano, enquanto a Petrobras recuou 15% no mesmo período. A diferença de mais de 22 pontos percentuais entre as duas gigantes reflete principalmente o comportamento distinto das commodities que cada uma comercializa.

As ações da Petrobras sentiram o impacto direto da desvalorização do petróleo. O barril de Brent negociou em torno de 60 dólares, atingindo mínimas desde fevereiro de 2021. O cenário foi agravado pela expectativa de excesso de oferta no mercado global e pela demanda fraca, especialmente nos Estados Unidos e na China.

Por outro lado, a Vale conseguiu se manter em território positivo mesmo com os desafios no mercado de minério de ferro. Essa commodity subiu para 106 dólares por tonelada em dezembro de 2025, mantendo uma relativa estabilidade ao longo do ano.

Petróleo despenca e arrasta a estatal

O ano de 2025 foi particularmente difícil para o setor petrolífero. Os preços do petróleo caíram mais de 20% no ano, pressionados pela oferta ampla e demanda lenta. A expectativa de que a Opep e seus aliados aumentem a produção pesou ainda mais sobre as cotações.

Além disso, dados econômicos fracos da China alimentaram preocupações sobre a capacidade da demanda global absorver o crescimento da oferta. O crescimento da produção industrial chinesa desacelerou para uma mínima de 15 meses, impactando negativamente o consumo de petróleo.

A Petrobras também enfrentou questões internas que desagradaram o mercado. Durante a teleconferência de resultados do segundo trimestre, a empresa sinalizou baixa probabilidade de distribuir dividendos extraordinários em 2025, o que desanimou investidores acostumados com a generosa política de remuneração da estatal.

Minério de ferro surpreende com resiliência

Diferentemente do petróleo, o minério de ferro mostrou maior resiliência ao longo do ano. Apesar dos desafios relacionados à crise imobiliária chinesa, que afeta diretamente a demanda por aço, a commodity conseguiu se manter em patamares aceitáveis.

Especialistas projetaram preços entre 95 e 105 dólares por tonelada até dezembro, com viés de estabilidade. A realidade acabou ficando até um pouco melhor, com o minério superando o limite superior dessa faixa.

Alguns fatores contribuíram para sustentar os preços do minério. A melhoria nas margens de produção de aço, graças à queda nos custos de insumos como carvão e coque, estimulou algumas usinas a aumentar a produção. Além disso, as siderúrgicas chinesas, com estoques baixos nas fábricas, iniciaram reabastecimento para atender necessidades durante o feriado do Ano Novo Lunar.

Dividendos ainda atraem, mas com cautela

Apesar das quedas nas cotações, ambas as empresas continuam sendo vistas como boas pagadoras de dividendos. Analistas projetam distribuição de cerca de 8% para a Vale e 10% para a Petrobras nos próximos 12 meses.

No caso da Petrobras, o dividend yield projetado permanece atrativo mesmo com as incertezas. O Itaú BBA aponta que o rendimento de dividendos ordinários pode ser aproximadamente 12% se os preços do petróleo caírem para 55 dólares por barril, e cerca de 14% se permanecerem em 65 dólares.

Para a Vale, o desafio maior está relacionado à demanda chinesa por aço. A persistente crise no setor imobiliário do país continua sendo o principal risco para a mineradora. Mesmo assim, analistas veem valor nas ações, especialmente considerando os múltiplos de negociação.

Perspectivas para 2026 dividem analistas

O futuro próximo das duas gigantes permanece incerto e depende fortemente de fatores externos. Para a Petrobras, a evolução dos preços do petróleo será determinante. O Goldman Sachs projeta que o barril de Brent pode atingir 55 dólares até o final de 2026 em um cenário moderado, o que continuaria pressionando os resultados da estatal.

Já a Vale dependerá do rumo da economia chinesa e das políticas de estímulo do governo. A entrada em operação do megaprojeto Simandou na Guiné, que deve adicionar oferta significativa ao mercado a partir do final de 2025, também é um fator de atenção.

Analistas do mercado mantêm recomendações de compra para ambas as ações, mas com ressalvas. A Vale negocia a 4 vezes o Ebitda e a Petrobras a 3,5 vezes o lucro, o que sugere múltiplos atrativos que podem limitar quedas adicionais significativas.

China permanece no centro das atenções

O desempenho futuro das duas empresas continuará altamente dependente da China. O gigante asiático é o maior consumidor mundial de petróleo e minério de ferro, e qualquer mudança significativa em sua economia reverbera diretamente nas cotações dessas commodities.

Para o minério de ferro, especificamente, as importações chinesas devem atingir novo recorde em 2025, podendo chegar a até 1,27 bilhão de toneladas. No entanto, esse aumento está mais relacionado ao acúmulo de estoques aproveitando preços mais baixos do que a uma recuperação genuína da demanda.

No caso do petróleo, a fraqueza da produção industrial e do consumo interno chinês continuam sendo fatores de pressão. A transição energética do país, com maior foco em veículos elétricos e energias renováveis, também representa um desafio estrutural de longo prazo para o setor petrolífero.

Investidores buscam proteção em dividendos

Com as incertezas sobre a valorização das ações, muitos investidores têm focado nos dividendos como principal atrativo dessas empresas. Tanto Vale quanto Petrobras possuem histórico consistente de distribuição de proventos, mesmo em momentos desafiadores.

A estratégia de investimento em ambas as empresas passa a ser mais focada no carrego de dividendos do que na expectativa de ganhos de capital significativos no curto prazo. Para investidores com perfil mais conservador e horizonte de longo prazo, essa pode ser uma abordagem interessante.

No entanto, é importante considerar que os dividendos futuros dependem da capacidade das empresas de gerar caixa, o que está diretamente ligado aos preços das commodities. Quedas adicionais nas cotações do petróleo ou do minério de ferro podem resultar em distribuições menores do que as projetadas atualmente.

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