Paulo Figueiredo e o microfone da Rádio Jovem Pan

MPF pede cassação das concessões da Jovem Pan por apoio sistemático ao golpe de Bolsonaro

Há 2 meses
Atualizado segunda-feira, 15 de setembro de 2025

O Ministério Público Federal em São Paulo pediu à Justiça Federal a cessação das concessões de radiodifusão da Jovem Pan pela veiculação sistemática de desinformação e conteúdo golpista em 2022. Segundo o MPF, a emissora estimulou ataques a autoridades, difundiu notícias falsas sobre sistema eleitoral e fez pregação antidemocrática que ajudou a deflagrar movimento culminando nos ataques de 8 de janeiro. O pedido consta nas alegações finais da ação civil pública movida contra o grupo de mídia, que também pode ser condenado ao pagamento de multa superior a R$ 13,4 milhões por danos morais coletivos.

A procuradoria documentou em 348 páginas como a emissora “abusou gravemente de sua liberdade de radiodifusão” durante pelo menos um ano. “Sistematicamente veiculou, perante dezenas de milhões de ouvintes, conteúdos que desacreditaram o processo eleitoral de 2022”, afirma o MPF. Órgão destaca que programação atacou autoridades e instituições da República, incitou desobediência às leis e defendeu intervenção militar sobre poderes civis.

Sincronismo com eventos críticos do período golpista

O MPF destacou “chamativa sincronia” entre conteúdo da emissora e eventos críticos de 2022. Procuradoria cita tentativa de atentado a bomba em Brasília em dezembro e “dramática intentona” de 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes. Segundo investigação, Jovem Pan serviu como “principal caixa de ressonância de discursos que pavimentavam ações golpistas”.

Emissora teria dado “aparência indevida de suposta legitimidade” aos movimentos antidemocráticos através de sua programação. MPF argumenta que radiodifusão foi utilizada para “incitar população a subverter ordem política e social vigente”. Conteúdo veiculado incluía defesa explícita de intervenção das Forças Armadas contra poderes constituídos.

Procuradoria relaciona diretamente papel da Jovem Pan com condenação de Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe. “A emissora assumiu reprovável papel” de legitimação pública do discurso golpista, segundo alegações finais. Documentos oficiais mostram que grupo lucrou milhões durante período de apoio à campanha antidemocrática.

Aumento milionário de recursos durante campanha golpista

Análise financeira revelou acréscimo de quase R$ 10 milhões no orçamento da Jovem Pan exatamente em 2022. “A emissora lucrou milhões de reais enquanto abusava sistematicamente de sua liberdade de radiodifusão”, avalia o MPF. Coincidência temporal entre aumento de recursos e intensificação da pregação golpista é destacada como evidência.

Procuradoria pede multa de R$ 13,4 milhões a título de danos morais coletivos pelos prejuízos causados à democracia. Valor seria proporcional aos lucros obtidos durante período de veiculação sistemática de desinformação. MPF argumenta que enriquecimento através de conteúdo antidemocrático deve ser reparado integralmente.

Além da cessação das três concessões, órgão ministerial solicita direito de resposta coletivo. Jovem Pan deveria veicular diariamente 15 spots de 2 a 3 minutos com informações eleitorais chanceladas pelo TSE. Medida duraria quatro meses para corrigir desinformação sistematicamente disseminada pela programação.

Paulo Figueiredo citado como protagonista da pregação golpista

Entre os comentaristas da emissora, Paulo Figueiredo ganhou destaque especial nas alegações do MPF. Influenciador chegou a ler manifesto golpista elaborado por oficiais do Exército com ataques ao Alto Comando. Episódio foi posteriormente citado pela Procuradoria-Geral da República na denúncia contra envolvidos no golpe.

Figueiredo atualmente articula nos Estados Unidos medidas contra Brasil ao lado de Eduardo Bolsonaro. Trajetória do comentarista exemplifica como discurso da Jovem Pan evoluiu de apoio eleitoral para conspiração golpista. MPF documenta escalada de radicalização na programação durante 2022.

Equipe de comentaristas era formada principalmente por influenciadores bolsonaristas que defendiam abertamente ruptura institucional. Procuradoria argumenta que emissora transformou concessão pública em plataforma privada de conspiração contra democracia. Caso pode estabelecer precedente sobre limites da liberdade de radiodifusão no Brasil.

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