Da Redação
Apesar desta quarta-feira, 24, ser véspera de Natal, o ambiente político não está nada ameno em Brasília, em função de notícias veiculadas pelos jornais O Globo e Estado de São Paulo no início da semana — reproduzidas por toda a imprensa nacional,— de que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria procurado o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, em pelo menos quatro ocasiões — por telefone e pessoalmente — para tratar da aquisição do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).
Além do assunto não ter relação com as atividades referentes à função dele, o caso — embora negado tanto por Moraes como por Galípolo — é objeto de apurações e considerado grave porque já ficou comprovado que a mulher de Moraes, Viviane Barci de Moraes, é advogada de um escritório que possui contrato de R$ 130 milhões com o Banco Master – que entrou em processo de liquidação extrajudicial pelo BC em novembro passado.
Conforme dados divulgados por órgãos diversos, como a Polícia Federal, o escritório de advocacia da esposa de Moraes, Viviane Barci de Moraes, tinha um contrato que previa pagamentos mensais de R$ 3,6 milhões entre 2024 e 2027, totalizando aproximadamente R$ 130 milhões.
Notas divulgadas por Moraes
A notícia levou a repercussões entre políticos do Executivo e do Congresso Nacional e entre magistrados, sobretudo integrantes de Tribunais superiores. E levou o ministro Alexandre de Moraes a divulgar várias notas negando. Na primeira nota, ele afirmou que teve uma reunião com Galípolo, mas para conversar sobre as implicações da Lei Magnitsky sobre ele e sua família, sem nunca ter mencionado o caso do Banco Master.
Em um segundo comunicado, Moraes afirmou que “em nenhuma das reuniões foi tratado qualquer assunto ou realizada qualquer pressão” referente à aquisição do Banco Master pelo BRB. E acrescentou que realizou duas reuniões em seu gabinete com o chefe do Banco Central para discutir os efeitos da Lei Magnistiky, aplicada pelo governo norte-americano contra ele.
O magistrado afirmou que a primeira reunião com Galípolo aconteceu em 14 de agosto, após a sanção dos EUA contra ele. E a segunda, em 30 de setembro, após a medida ter sido aplicada à sua esposa. No final, a nota do ministro enfatizou que o escritório de advocacia de sua esposa “jamais atuou na operação de aquisição BRB-Master perante o Banco Central”
Logo após o primeiro comunicado de Moraes, o Banco Central também se manifestou confirmando que Galípolo manteve reuniões com o ministro do STF “para tratar dos efeitos da aplicação da Lei Magnitsky”.
Escritório de Viviane
O escritório de Viviane Barci de Moraes representava os interesses do Master e de Daniel Vorcaro, dono da instituição financeira, em diversos espaços, incluindo o Banco Central, a Receita Federal, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e o Congresso Nacional.
As informações foram confirmadas após apuração pela PF durante a operação Compliance Zero, deflagrada no último dia 18 de novembro, que resultou na prisão de Vorcaro e de outros executivos, envolvendo fraudes em operações feitas entre o Master e o BRB.
No entanto, informações prestadas via Lei de Acesso à Informação indicam que nem o Cade nem o BC registraram ações do escritório em favor do banco. A Polícia Federal encontrou o contrato no celular de Vorcaro, que teve habeas corpus acolhido e está agora em prisão domiciliar com o uso de tornozeleiras.
Agora, os próximos passos são de expectativa em torno do desenrolar das informações. O STF pediu a realização de acareação entre personagens para confirmar o teor das reuniões entre o ministro e o presidente do Banco Central, enquanto políticos se articulam para entrar com pedidos de apuração sobre o caso no Congresso Nacional.
— Com informações do STF, do BC e agências de notícias


